A aceleração maior que a prevista para o grupo Alimentação na segunda leitura do mês provocou elevação na projeção do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) fechado de janeiro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O coordenador do IPC-Fipe, Guilherme Moreira, diz que esperava alta de 0,95% para o conjunto de preços de alimentos na segunda medição do mês, mas a taxa registrada no período foi de 1,16%.

“Houve encarecimento principalmente dos alimentos in natura. É normal para esta época do ano por causa do clima mais chuvoso em algumas partes e quente, em outras”, avalia. Na segunda quadrissemana, o segmento de in natura teve alta de 2,38% na comparação com 1,03% na primeira leitura. “Esperávamos 0,58% para o grupo no fim do mês e agora estimamos 0,84%. Com isso, a projeção para o IPC saiu de 0,39% para 0,46%. Ainda assim, é um quadro tranquilo de inflação”, completa.

Dentre os produtos alimentícios que ajudaram a impulsionar a taxa do grupo Alimentação no período, Moreira cita o avanço nos preços de frutas (2,95%), tubérculos (7,46%) e de verduras (1,84%). Já a categoria de legumes, com destaque para o tomate (-9,30%), e a de ovos apresentou quedas de 1,14% e de 1,86%, respectivamente. “É normal, a inflação ficar mais pressionada em janeiro por causa de Alimentação, Transportes e Educação”, diz.

Na primeira quadrissemana de janeiro, o grupo Transportes ainda cedeu, 0,02%, mas diminuiu o ímpeto da queda em relação à primeira leitura do mês, quando caiu 0,58%. A principal explicação, diz o economista, foi o reajuste de 7,5% nas tarifas de ônibus da capital paulista. No IPC, a variação do item transportes coletivos acelerou a 1,69%, depois de 0,23% na primeira leitura de janeiro.

Já o conjunto de preços de Educação teve alta de 1,35%, depois de 0,60%, com pressão em ensino escolar (1,51%), material escolar (0,29%) e livros didáticos (0,15%), em razão dos reajustes tradicionais do período.

“Há somente algumas quedas fora do padrão, como é o caso dos preços de gasolina, que estão devolvendo as altas anteriores provocadas pelas depreciação cambial”, explica, ao citar o recuo de 2,00% em gasolina e de 0,89% nos preços do etanol na segunda quadrissemana do mês.