Os preços dos medicamentos adquiridos para hospitais acumularam recuo de 7,08% em 2023, na comparação com o ano anterior, de acordo com o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), calculado pela Fipe a partir de dados de transações realizadas na plataforma Bionexo. Foi o primeiro recuo anual da série histórica do indicador, iniciada em 2015.

Em dezembro, o IPM-H teve queda de 0,14%, o oitavo recuo consecutivo na margem, também de acordo com a Fipe. A contração do índice no mês abrangeu a maior parte dos grupos de medicamentos incluídos na cesta de cálculo, com destaque para os voltados ao aparelho geniturinário (-3,13%); aparelho cardiovascular (-2,64%); sangue e órgãos hematopoiéticos (-2,12%) e sistema nervoso (-1,36%).

Ainda segundo a Fipe, os itens que mais contribuíram para o recuo no mês incluíram produtos a base de cloreto de sódio (utilizado nos soros fisiológicos); solução de ringer com lacto (voltado para reidratação e restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico); etanercepte (utilizado no tratamento da artrite reumatoide, artrite psoriásica, espondilite anquilosante e psoríase) e dipirona (analgésico).

O economista e pesquisador da Fipe Bruno Oliva, responsável pelo indicador, avalia que o resultado negativo no acumulado de 2023 é efeito de uma conjunção de fatores que refletem a normalização das atividades no pós-pandemia. “É a continuidade de um processo de acomodação dos preços dos medicamentos no mercado doméstico, após a valorização expressiva registrada nos dois primeiros anos da pandemia, especialmente em alguns grupos terapêuticos”, destaca.

Além do fim da pandemia com o avanço do processo de vacinação, Oliva cita que houve normalização das cadeias produtivas globais, especialmente aquelas relacionadas à oferta de medicamentos; queda nos preços do frete internacional e dos combustíveis e queda na cotação do dólar, que influencia o valor de medicamentos importados.

O recuo do IPM-H em 2023, de 7,08% é, inclusive, semelhante ao comportamento médio da taxa de câmbio no ano, de queda de 6,58%, destaca a Fipe. A Fundação também aponta que o IPM-H de dezembro (-0,14%) teve tendência divergente dos principais índices de inflação no período, como o IPCA-15 do mês, que registrou alta de 0,40% e o IGP-M, que subiu 0,74%.

Na série histórica desde 2020 (ano de início da pandemia), contudo, a Fipe destaca que o IPM-H acumula uma alta nominal de 12,58%, tendo convergido apenas mais recentemente para os níveis pré-covid.