Uma nota técnica de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgada nesta quinta-feira, 8, indica que o distanciamento social precisa ser mantido no município do Rio de Janeiro. A nota técnica “Indicadores de Covid-19 e distanciamento social na cidade do Rio de Janeiro”, do Observatório Covid-19 Fiocruz, analisou distanciamento social, casos e óbitos na capital fluminense de 26 de março a 2 de abril. Os dados mostram que, apesar da ampliação das medidas restritivas adotadas pelo município para conter o avanço da pandemia, ainda não é possível analisar o impacto delas sobre incidência e mortalidade. Mas o estudo indica que a incidência de covid-19 ainda é muito alta e propõe medidas para reverter o atual cenário.

Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa ressaltam que o efeito positivo do distanciamento social só pode ser observado após no mínimo 14 dias de adoção das medidas. Segundo eles, ainda é cedo para se propor qualquer medida de flexibilização. Pelo contrário, os indicadores mostram que é fundamental intensificar a fiscalização nas áreas de lazer e praias – prorrogando a restrição em sua forma mais rígida -, assim como realizar o controle efetivo de entrada de pessoas em farmácias, mercearias e supermercados. Outra medida fundamental é acelerar a vacinação.

Os pesquisadores consideram essencial que essas ações sejam adotadas por toda a região metropolitana, composta por 21 municípios. “Podemos afirmar que o esforço isolado do município do Rio de Janeiro pode não resultar nos efeitos esperados para a redução das taxas de ocupação de leitos, bem como para reduzir a circulação do vírus, que não conhece fronteiras administrativas”, alertam.

O estudo utiliza indicadores para análise de casos e óbitos por covid-19, ocupação de leitos de UTI e dados sobre Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no município do Rio. Também foram avaliados dados de distanciamento social e mobilidade – capazes de medir o fluxo de pessoas em diversos tipos de locais, inclusive em residências.

Os dados sobre distanciamento social apontam que a variação na permanência em domicílio atingiu níveis mais elevados em abril de 2020, mas vinham apresentando queda desde maio daquele ano, alcançando estabilidade em torno de 10% a partir de agosto de 2020. Em novembro houve nova redução, registrando-se patamar inferior a 10% até fevereiro de 2021, quando verificou-se um discreto aumento, retornando à variação média de 10%. A adoção de medidas mais restritivas a partir de 26 de março aumentou essa variação, que chegou a 20% em 2 de abril.

A análise por tipo de local (mobilidade) mostra uma variação negativa. Nos locais de trabalho foi observada “variação negativa” em março, com maior magnitude no período das medidas restritivas, quando ficou próxima a -60%. Este nível foi alcançado também pela variação nas estações de transporte. Houve variação negativa ainda mais elevada, em patamar próximo a -70%, para lojas e recreação, que não funcionaram no período. Os parques tiveram variação menor, alcançando valores próximos a -50%. Já as farmácias e mercearias, que são consideradas serviços essenciais e se mantiveram abertas no período de maior rigor da restrição, registraram variação positiva, com pico de até 30% ao final do período.

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