Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estima encerrar o mês de abril, na próxima semana, com um total de 26,6 milhões de doses da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca com a Universidade de Oxford entregues ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, disse nesta quinta-feira o diretor de Biomanguinhos, Maurício Zuma.

Segundo ele, esse montante será atingido com a entrega de um lote de 5 milhões de doses do imunizante na sexta-feira e de mais 6,7 milhões de doses da vacina na semana que vem.

“Esse é o cronograma estimado. O cronograma é negociado e confirmado com o PNI para dizer se vamos conseguir ou não a cada semana… às vezes a gente consegue até antecipar”, disse Zuma em evento com jornalistas nesta quinta.

A Fiocruz também estuda formas de enfrentar uma paralisação na produção, e consequentemente nas entregas, entre agosto e setembro, período em que se encerrará o envase com insumo farmacêutico ativo (IFA) importado e começará a produção integral da vacina no Brasil, com insumos feitos localmente.

Uma das alternativas é ampliar o intervalo de aplicação entre as duas doses da vacina, atualmente de três meses. Uma definição sobre isso, no entanto, caberá ao PNI.

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“Pode se valer adicionalmente dessa característica da vacina, que já dá uma proteção com primeira dose. Não vai ter o risco de perder a vacinação, porque ela se mantém até hoje por três meses, mas é possível que isso se estenda. Estudos adicionais podem mostrar mais que isso”, afirmou o vice-presidente de produção da Fiocruz, Marco Krieger, no mesmo evento.

Outras alternativas em análise são a importação de mais IFA ou até de doses prontas para serem entregues neste período de paralisação.

ENTREGAS FUTURAS

A Fiocruz já atrasou algumas vezes seu cronograma de entrega de vacinas contra a Covid-19 ao PNI, e apontou atrasos na chegada do IFA da vacina, importado da China, e a complexidade do processo de produção e controle de qualidade como responsáveis pelos atrasos.

Até o momento, 14,9 milhões de doses da vacina da AstraZeneca foram entregues pela Fiocruz ao PNI, sendo 4 milhões de doses importadas prontas da Índia e o restante envasado no Brasil pela Fiocruz.

Como base de comparação, o Instituto Butantan entregou 41,4 milhões de doses da CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac, ao PNI, sendo 6 milhões delas importadas prontas da China.

CoronaVac e AstraZeneca são, até o momento, as únicas vacinas contra Covid-19 sendo aplicadas no Brasil. O governo federal tem acordos para compra de doses das vacinas da Pfizer e da Johnson & Johnson, que já têm o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para serem aplicadas no Brasil, mas as entregas ainda não começaram.

Na quarta-feira, em entrevista coletiva em Brasília, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, adiou em quatro meses, para setembro, a conclusão da vacinação contra Covid-19 dos grupos prioritários.

A Fiocruz tem capacidade de produção de 900 mil doses diárias da vacina e tem a expectativa de ampliar esse montante para superar a marca de 1 milhão de doses diárias.

O cronograma mais atualizado aponta para a entrega de 21,5 milhões de doses em maio e de 34,2 milhões em junho, com a entrada em operação de um terceira linha de produção. Em julho, a estimava é fornecer ao PNI 22,1 milhões de doses do imunizante.

“Em junho, estamos trabalhando em nova linha de envasamento e esperamos operar 3 linhas e poder entregar mais vacinas”, disse Zuma.


Uma nova carga de IFA chegará ao Brasil no sábado, a oitava desde o mês de fevereiro. Ao todo, a fundação receberá um total de 14 remessas do insumo, de acordo com compromisso firmado com a AstraZeneca.

“Já recebemos até a remessa sete quase 39 milhões de doses”, disse Zuma. “Temos entregas garantidas até a primeira semana de junho”, assegurou.

O compromisso da Fiocruz é destinar ao PNI 104,4 milhões de doses da vacina até julho e outras 110 milhões na segunda metade do ano já com IFA nacional.

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