Brasília, 1/2 – A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, alertou que a adoção da regra de ouro gera influência direta na capacidade do governo de custear o crédito rural. Ao explicar que essa operação financeira exige desembolsos do Tesouro por vários anos, a secretária destacou que financiamentos novos e antigos passam a disputar os reais da parcela do Orçamento destinado ao crédito rural.
“Não se pode confundir o custo dos planos safras. O custo orçamentário é maior no primeiro ano, mas permanece custo subsequente para os anos seguintes porque financiamos, por exemplo, investimentos que podem durar dez anos, às vezes 12 anos”, disse em evento da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). “Em todo esse período, a operação vai ser equalizada pelo Tesouro. Chamamos isso de ‘empilhamento'”, completou.
Além desse financiamento de mais longo prazo, a secretária do Tesouro lembrou que há refinanciamos de operações antigas – o que também tem custo orçamentário. “Elas (as operações) se somam disputando esse espaço (orçamentário) com a safra nova”. Vescovi deu como exemplo o custo de refinanciamento. Segundo ela, em cinco ou seis anos essa despesa poderá ocupar espaço de até um terço do orçamento destinado ao crédito rural. “Isso é uma dificuldade: perceber como são compostos os orçamentos”, disse. Diante desse problema, a secretária disse que é “inevitável” o debate sobre despesas obrigatórias, como a agenda reformas.
A secretária reconheceu, porém, que a adoção da regra do teto, da nova Taxa de Longo Prazo (TLP) e defesa da agenda de reformas pelo governo já trouxeram mais confiança ao mercado financeiro. “Mantendo o cenário atual e cumprindo regra do teto, podemos estabilizar endividamento”, disse, ao citar uma das consequências da mudança macroeconômica.
Outra consequência da mudança macroeconômica é a redução da inflação e consequente diminuição da taxa Selic. “Com a inflação baixa, podemos ter juro declinante e juro real está em torno de 3%”, disse.