São Paulo, 17/6 – A utilização de instrumentos do mercado de capitais no financiamento da safra e outras despesas do agronegócio não tardará a ganhar espaço entre produtores e empresas do setor, na avaliação do diretor comercial e de Desenvolvimento de Mercado da BMF&Bovespa, Fábio Dutra. “O uso de ferramentas do mercado de capitais para o custeio da safra vai aparecer muito rápido. Com o ajuste fiscal atual e a velocidade de crescimento do agronegócio, há risco de faltar recursos para o setor”, declarou Dutra ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Na quinta, durante apresentação no Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2016/17, Dutra disse que a agropecuária brasileira ainda não utiliza instrumentos do mercado de capitais para o custeio da safra e que este tipo de recurso é responsável por apenas 3,8% dos financiamentos de longo prazo do setor. Um dos títulos que poderiam ganhar força para o custeio das safras, na avaliação de Dutra, é a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). “Qualquer pessoa pode investir mais em LCA, é um mecanismo que pode ganhar mais espaço”, afirmou. A utilização de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) por grandes empresas do setor como forma de financiar a aquisição de insumos por seus clientes também deve ganhar fôlego rapidamente, acrescentou. “É uma ferramenta fácil. A primeira emissão é mais difícil, mas da segunda vez em diante é repetir a receita do bolo. Minha expectativa é ver cada vez mais operações deste tipo no mercado”, disse. De acordo com Dutra, o CRA já é bastante utilizado nos Estados Unidos pela cadeia do agronegócio para financiar investimentos. Ele destacou também que os diversos instrumentos do mercado de capitais têm potencial para financiar investimentos de longo prazo, voltados a elevar a produtividade da atividade agropecuária. Dutra lembrou que o setor tem buscado elevar a eficiência das atividades como forma de atender ao incremento de demanda global por alimentos, e que tais investimentos demandam alto volume de investimentos, normalmente amortizados no longo prazo. O mercado de capitais, disse ele, teria opções compatíveis com esta demanda. “Este mercado trabalha com prazos longos, às vezes de cinco ou até dez anos, que podem suprir essa demanda.” Outra tendência apontada pelo executivo é a abertura de capital por um número maior de empresas do agronegócio brasileiro. Na comparação com o cenário dos Estados Unidos, o porcentual de empresas brasileiras com capital aberto no País ainda é muito pequeno, apontou Dutra. “É algo que necessariamente vai acontecer no Brasil”, disse.