FHC foi, sem dúvida nenhuma, o melhor e mais importante presidente do Brasil após a redemocratização. Infelizmente, seja lá qual o motivo, não quis fazer José Serra seu sucessor. Uma pena. Era o político mais preparado do País.

Outro erro capital de Fernando Henrique Cardoso foi ter recriado – e comprado! – o instituto da reeleição, na minha modesta opinião, o pai e a mãe de boa parte dos nossos problemas políticos, além de inesgotável fonte de corrupção.

Se tem algo que o tucano jamais escondeu é o seu, digamos, amor platônico por Lula, que sempre definiu como “admiração”. Sociólogo (dos bons!) de esquerda, FHC enxerga o petista como o retirante do sertão que progrediu na vida.

O ex-tudo (ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) segundo o STF – Superior Tribunal Federal -, por sua vez, sempre fez “gato e sapato” do seu admirador. Hoje em dia, isso seria chamado de Relação Abusiva.

Sim, o meliante de São Bernardo é como o abusador que amarra emocionalmente a vítima enquanto a subjuga perversamente. No caso, isso incluiu negar e roubar os feitos de FH e até mesmo manchar a honra de Dona Ruth Cardoso.

Uma vez na Presidência por longos oito anos, Lula traiu as expectativas do seu “amante”. Pior. Ao invés de se retirar e passar o bastão adiante, criou uma presidente-tampão para poder se candidatar e se eleger novamente.

Como sabemos, o plano deu com os burros n’água, e nossa eterna estoquista de vento e saudadora de mandioca atirou no mais profundo abismo todo o legado – falso ou não; mistificado ou não – do líder do Petrolão (segundo o MPF).

Foi Dilma Rousseff, criação e criatura de Lula da Silva, que pariu Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e o – tão maldito quanto o lulopetismo – bolsonarismo, seitas siamesas de destruição em massa do presente e futuro do País.

Passados menos de três anos, o sociopata parceiro de milicianos cuidou de implodir a si próprio e ao movimento desesperado que o levou à Presidência da República. Hoje, criador e criatura são do tamanho que merecem ser.

O enfaro, cansaços físico e mental, mortes por Covid-19 e toda sorte de desmandos deste proto ditador de quinta categoria, com o auxílio inestimável e fundamental dos amigos togados, ressuscitaram aquele que deveria estar preso.

Porém, o “capo” petista não só está livre, leve e solto, como dentro do jogo eleitoral de 2022, com chances reais de se tornar, mais uma vez, o presidente deste pobre e miserável País, que a cada eleição apenas troca o nome do desastre.

Foi Lula o criador de Bolsonaro, ainda que de forma não intencional, ao empurrar sua poste ao Brasil. E foi o pai do senador das rachadinhas e da mansão de seis milhões de reais que, em retribuição, recriou o pai dos Ronaldinhos.

A foto que rodou o País nesta sexta-feira (21) é a síntese de um ciclo funesto da nossa história. Mais um, aliás. Ciclo, este, prestes a terminar. Não por causa de uma improvável mudança de atitude dos eleitores, mas pela finitude humana.

Lula e FHC – finalmente e publicamente – unidos escancaram o teatro brasileiro dos últimos vinte anos (com essa breve e trágica pausa bolsonarista), em que grupos supostamente rivais coexistem em busca do poder infinito.

A pandemia ensinou que vírus mutam em busca da “sobrevivência”. Entre Lula e Bolsonaro, torço – ainda que esse traste jamais conte com meu voto! – por Lula, sem, contudo, esperar por sua mutação. A não ser que seja uma ainda pior.