Condição deve ser acompanhada desde a infância, já que o excesso de pele pode predispor a complicações graves, como o câncer de pênis

Por Danielle Sanches, da Agência Einstein

Ao excesso de pele que recobre o pênis e dificulta a exposição da glande (ou a “cabeça” do órgão) é dado o nome de fimose. Os especialistas observam a condição com mais frequência logo após o nascimento e, embora a tendência seja de ela que desapareça de forma espontânea até os quatro anos de idade, nem sempre isso acontece.

“Todo menino nasce com a pele do prepúcio cobrindo a glande e, muitas vezes, até aderida a ela”, explica o urologista Leonardo Borges, coordenador médico da pós-graduação em Cirurgia Robótica Urológica do Hospital Israelita Albert Einstein. “Com o crescimento, a pele tende a descolar. Mas, quando existe um estreitamento da pele, chamado de anel fimótico, a glande não fica exposta e cria-se a fimose.”

O problema é que, se mantida, a condição aumenta o risco de doenças como o câncer de pênis. Isso porque o excesso de pele dificulta a higiene e isso predispõe ao desenvolvimento de tumores. O próprio estreitamento do prepúcio também é um fator de risco para a doença e para a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV).

Dados do Data/SUS mostram que cerca de mil amputações de pênis acontecem todos os anos em decorrência dos tumores no órgão. Já o Instituto Nacional do Câncer (INCA) destaca que o tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Mudanças culturais

Uma das questões centrais do problema é que, culturalmente, os homens tendem a não falar de problemas de saúde e ainda têm vergonha em aprender a lavar o pênis da forma correta – ou afirmar que estão tendo dificuldades nessa ação. Isso é bastante comum especialmente em áreas com condições socioeconômicas precárias, em que falta acesso aos serviços de saúde e às informações sobre o assunto.

Com o apoio da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o Instituto Lado a Lado pela Vida criou uma campanha, chamada de “Lave o Dito Cujo”, com ilustrações bem-humoradas que incentivam os homens a limparem o pênis adequadamente.

Quando é necessário buscar ajuda?

 

De acordo com a SBU, a estimativa é de que 97% dos meninos nascem com a fimose. Ao atingirem os três anos de idade, a prevalência cai para cerca de 10% e, na adolescência, 3%.

O principal sinal de que a pele está em excesso é quando, ao puxá-la do prepúcio, não é possível expor a cabeça do pênis. Isso pode provocar problemas como:

  • Dificuldade para higienizar o órgão;
  • Coceira e incômodo local;
  • Infecções urinárias (em crianças);
  • Dificuldade para urinar;
  • Incômodo e, na fase adulta, lesões durante a relação sexual.

Nesses casos, é importante que os pais da criança ou o próprio indivíduo busquem ajuda médica para entender qual é o melhor tipo de tratamento.

Tratamentos

Na maior parte dos casos, a fimose não requer tratamento e costuma melhorar sozinha. “A primeira medida sempre é não-cirúrgica”, afirma Borges. “Os pais devem realizar exercícios diários de manipulação do prepúcio, tentando descolá-lo, com o objetivo de expor a glande”, avalia o especialista, que afirma que isso costuma ser suficiente para resolver o problema.

Há ainda a possibilidade de usar pomadas a base de corticoide, que costumam acelerar os resultados dessa medida. Mas se mesmo assim a pele continua excessiva ou, ainda, há recorrência de infecções no local, a recomendação é de que a criança (ou adulto, dependendo do caso) passe pela cirurgia.

Nela, o médico retira a pele ao redor do anel do prepúcio, deixando a glande exposta. É um procedimento considerado simples, feito com anestesia local e sedativos. A recuperação ocorre entre sete a 10 dias.

Borges afirma que é importante, no período, entender que a sensação de toque e contato da glande com a fralda, ou a cueca, irá mudar e que isso é normal. “São sentimentos conflitantes descritos como dor, já que é uma área com importante função sensorial”, diz.

(Fonte: Agência Einstein)

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