O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou nesta terça-feira, 26, na ata de seu último encontro, que a retirada do forward guidance (prescrição futura, no jargão inglês) de sua comunicação não implicará em uma elevação mecânica da taxa de juros. Na semana passada, o colegiado manteve a Selic (a taxa básica da economia) em 2,00% ao ano, mas deu fim ao forward guidance.

Desde agosto do ano passado, o Copom usava este instrumento para se comprometer a não elevar os juros desde que três condições fossem satisfeitas: projeções de inflação abaixo da meta no horizonte relevante; manutenção do regime fiscal; e expectativas de longo prazo ancoradas. Na reunião de dezembro, o Copom já havia sinalizado que o forward guidance seria abandonado “em breve”. Foi o que ocorreu no encontro do Copom da semana passada.

“Em vista das novas informações, o Copom avalia que essas condições deixaram de ser satisfeitas já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária. Como consequência, o forward guidance deixa de existir e a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva”, justificou o Copom na ata desta terça, repetindo ideia já contida no comunicado da semana passada.

Mais uma vez, o colegiado ressaltou que a retirada do forward guidance não implica uma elevação mecânica da Selic, já que as incertezas quanto à evolução da atividade econômica continuam demandando um estímulo monetário “extraordinariamente elevado”.

Mais explicações

O Copom alertou também, por meio da ata, que a retirada do forward guidance adotado desde a reunião de agosto ocorreu devido à queda de apenas uma das suas três condicionantes. “As expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”, reiterou o colegiado.

As demais condições que faziam parte do forward guidance seguem satisfeitas, já que, segundo o Copom, o regime fiscal não foi alterado e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.

Mais uma vez, o BC explicou que, com a interrupção do forward guidance, a condução da política monetária passa a seguir a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva.

A ata lembra ainda que, no cenário básico, as projeções de inflação estão ao redor da meta no horizonte relevante, mas repete que os riscos fiscais geram um “viés de alta” nessas estimativas, “potencialmente justificando trajetória com elevação dos juros anterior à assumida sob esse cenário”.