No maravilhoso Uber de seu Carlos Domenichini, voando até Guarulhos, no meio de um trânsito que não melhora, tenho pesadelos incríveis.

Sonho com novas e avançadas políticas públicas que o nosso governo vai implementar.

A “Bolsa Revólver” que torna as armas mais baratas que o arroz. A “Liminar Dóriovac”, que promete proteção do Covid apenas a quem detestar Bolsonaro e “Postura Bolsovac” que faz o contrário aos fiéis do Dória.

Mas foi o “Marco da Sanfona”, esse que obriga os turistas a se beijar sem máscara no finzinho da pandemia que me causou calafrios.

Acordei de repente quando a chuva tornava tudo pior, mas a realidade no Brasil continua superando toda a imaginação.

As armas ficaram mesmo mais baratas, mas a inflação vai bater recordes como há décadas se não via. A vacina vai mesmo virar um nojento boomerang político que envergonha o Brasil.

Em Brasília, como os donos das cadeiras presidências de Congresso e Senado vão mesmo ter que mudar, novos candidatos ao repasto se posicionam — e mais um triste espetáculo político se adivinha.

Um tal de Arthur Lira entrega a chapa prometendo aos cegos a luz e aos mancos o ouro olímpico.

A Bolsonaro ele promete a liberação das armas, moleza aos policiais envolvidos em casos de morte, a Escola Sem Partido e menos aborto. Aos ruralistas, aquela lei que legaliza as terras griladas na Amazônia. Ao Paulo Guedes, a nova CPMF. À turma do mercado financeiro, a reforma tributária e administrativa. Ao PSB, a manutenção da lei eleitoral e ao PT a Ficha Limpa para voltar a por Lula lá em 2022. Alguém fala que Lira está mentindo, mas ele apenas está surtando.

No record de mortes, o presidente Bolsonaro fala do “finzinho” da pandemia e no mesmo dia o novo ministro do turismo – empresário e sanfoneiro  — pede que todo o mundo saia à rua e não exista lock down.

No meio desta loucura a gente ainda fica sabendo que a Agência Secreta, ABIN, está trabalhando — pouco secretamente — para ajudar o Flávio Bolsonaro nos seus problemas com a justiça. Vejam só. o campo ‘finalidade’ do documento foi preenchido com a inscrição: “Defender Flávio Bolsonaro no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”. A ABIN é dele.

Ainda sem chegar a Guarulhos percebo que nenhum pesadelo é pior que a realidade e, enquanto fecho os olhos procurando o sono do apocalipse, ouço a melodia incrível de um ministro sanfonando Ave Maria.

No Brasil a coisa não é fácil. Mas, se não fosse seu Carlos, segurando as pontas, trabalhando honestamente, descobrindo o melhor caminho, tudo seria ainda pior.