24/04/2020 - 19:55
Em Berlim, como em toda parte, o tédio ganha espaço à medida que o confinamento aumenta, e cinemas, teatros, bares e restaurantes ainda estão fechados.
O moradores, contudo, lançaram uma iniciativa para se divertir juntos, sem correr o risco de serem infectados: assistindo a filmes projetados nas paredes dos pátios dos edifícios.
“Temos essa parede branca e sempre pensamos que deveríamos exibir um filme”, explica Carola Lauter, que entrou em contato com “Windowflicks”, o organizador dessas sessões de cinema ao ar livre.
O grupo, apoiado pela empresa de cinema local Yorck, aceitou o pedido de exibição de “Loving Vincent”, um filme de animação sobre a vida do artista Vincent Van Gogh. Ao cair da noite, os moradores do bairro ficam surpresos com as cores intensas do filme projetadas no prédio próximo.
“Aqui sentimos certa letargia, medo e incerteza depois de todas essas semanas, então pensei que seria bom que eles lhes oferecessem algo positivo, revitalizante”, acrescenta Carola Lauter.
Pequenos grupos, sentados nas varandas à luz de velas ou espiando pelas janelas, apreciam o filme enquanto experimentam pratos preparados por uma lanchonete local.
“Como não podemos ir ao cinema há semanas, o cinema chega até nós”, diz Undine Zeibig, um vizinho do edifício, para quem é uma ideia “muito boa”. “Esperamos que muitas pessoas façam doações”, acrescenta seu marido Uwe, “será bom para os artistas” porque “eles realmente precisam disso nesses tempos”.
Os cinemas de Berlim não vendem mais ingressos e se uniram para lançar um pedido de doações com o objetivo de obter 700.000 euros. Nesta sexta-feira, o valor arrecadado atingiu 100.000 euros, com uma doação média de 44 euros.
“Dissemos para nós mesmos: as pessoas querem viver alguma coisa, então vamos levá-las para suas varandas, para suas janelas”, explica Olaf Karkhoff, que lidera a iniciativa Windowflicks.
Além das exibições de filmes, Karkhoff planeja organizar outros eventos, como “um show ou vários shows simultâneos em cem pátios”.
Um projeto que lhe interessa particularmente é convencer o escritor e viajante francês Sylvain Tesson a emprestar “suas montagens fotográficas, que poderíamos projetar durante um concerto de música clássica”, explica ele.