Filme protagonizado por brasileira é exibido em festival de Los Angeles nesta quarta

O suspense Auder mostra distopia em que pessoas são raptadas e obrigadas a falar Inglês

Reprodução/Auder
A atriz Carolina Liz vivendo a personagem Beatriz Foto: Reprodução/Auder

O curta-metragem Auder, suspense dramático protagonizado pela atriz brasileira Carolina Liz, que interpreta Beatriz, será exibido nesta quarta-feira, dia 15, no LABRFF (Los Angeles Brazilian Film Festival). O evento começou nesta segunda-feira, dia 13, e acontece até esta quinta-feira, dia 16, no Culver Theater, em Culver City, Los Angeles, Califórnia.

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A trama dirigida pelo diretor Felipe Marinheiro conta a história de duas jovens que são raptadas e obrigadas a viver em uma instituição em que pessoas que falam suas línguas natais são obrigadas a falar Inglês de maneira perfeita. Caso elas e as outras pessoas que foram levadas ao local não cumpram com as “regras” elas sofrem torturas severas e desaparecem.

Com um final surpreendente, a trama mostra como Beatriz, uma jovem que fala Português do Brasil, e Valentina (Marycarmen Portillo), uma jovem que fala Espanhol do México, se conectam em meio às dificuldades e tentam, de todas as formas, achar um meio de fugir do local sem levantar suspeitas daqueles que às prenderam.

De acordo com a atriz Carolina Liz, que também é uma das roteiristas, juntamente com Marycarmen Portillo, sua escrita foi baseada em uma realidade muito pessoal como uma pessoa que tem o Inglês como segunda língua e está em uma carreira artística internacional. “Para você ser atriz em Hollywood, o que você mais escuta é que você precisa perder o seu sotaque”, diz.

Segundo ela, isso faz sentido por um lado, já que ela está trabalhando com o mercado dos Estados Unidos. No entanto, ela se questiona por qual motivo ela não pode ter sua essência em seus personagens. “Inconscientemente, quando eu estou fazendo uma audição, lá no fundo, eu fico pensando: ‘Será que você está pronunciando direito’? Porque isso pode influenciar na decisão”, afirma. 

Filme protagonizado por brasileira é exibido em festival de Los Angeles nesta quarta

Poster do filme Auder

Carolina conta que, muitas vezes, ela se questiona se conseguiu passar “despercebida” em um teste para um papel. No entanto, ela brinca dizendo que a fase que vive hoje é tranquila se comparada ao que ela passou no ensino médio morando no país. “Eu sentia que eu precisava muito me encaixar, para as pessoas me entenderem e não fazerem nenhuma piada sobre o jeito que eu falava”, relembra.

“Eu me esforçava muito em casa para falar do jeito deles. Isso já tá dentro de mim, internalizado, antes de ser atriz e escrever esse filme. Tem um lado mais profissional e um lado pessoal meu que pesa um pouco, das minhas experiências aqui”, explica. Esse é um dos pontos pelos quais ela se conectou com Beatriz. No filme, a personagem “é uma pessoa que se esforça muito”.

“Depois de ter feito esse filme eu parei de achar que o mundo ia acabar se eu falasse um negocinho um pouco diferente”, diz afirmando que, se ela for específica e importante para um papel, ela pode trabalhar em seu sotaque e em como falar as frases de um jeito que uma pessoa que nasceu nos Estados Unidos falaria.

Por fim, a atriz diz que o filme é um dos projetos que ela mais tem orgulho de ter feito parte, pois tudo veio de uma ideia que ela teve com Marycarmen de falar sobre algo que fosse importante para elas. Com empolgação em relação ao tema, ela conta que tudo “começou a virar uma ficção distópica muito louca”, mas com base na questão que queriam fazer o público refletir sobre. “A gente nem queria que acabasse as gravações. Foi maravilhoso”.