18/02/2017 - 17:36
O filme “On body and soul”, da cineasta húngara Ildiko Enyedi, que conta uma história de amor ambientada em um matadouro, levou neste sábado o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim, desbancando outros 17 concorrentes, entre eles “Joaquim”, do brasileiro Marcelo Gomes.
O júri da Berlinale, presidido pelo holandês Paul Verhoeven, atribuiu o prêmio máximo da mostra a este filme que conta a história de um homem e uma mulher que se desejam, mas só conseguem se comunicar através de um sonho que compartilham.
“Queríamos apresentar-lhes um filme simples, transparente como um copo d’água. Era arriscado”, disse a diretora ao receber o prêmio.
“Tratam-se de duas pessoas que se conectam de forma incrível. O júri se apaixonou por este filme não só pela construção artística, mas porque nos evoca uma palavra que usamos muito facilmente: a compaixão”, disse o presidente do júri, diretor de sucessos como “Robocop”, “Elle”.
O prêmio de melhor diretor ficou com o finlandês Aki Kaurismaki por “The other side of hope”, grande favorito da crítica, juntamente com o chileno “Una mujer fantástica”, de Sebastián Lelio.
O filme, segunda parte de sua trilogia sobre o exílio, conta a história de um refugiado sírio que se encontra, contra a sua vontade, na fria Finlândia.
Com este filme “quero tentar mudar a Europa”, onde o sentimento anti-imigração é crescente. “Pelo menos para as quatro pessoas que vão vê-lo”, brincou o diretor, ao apresentar seu filme no festival.
O Urso de Prata de melhor atriz ficou com a sul-coreana Kim Min-hee por seu papel em “On the beach at night alone”, no qual interpreta uma mulher que vive um caso de amor fracassado com um cineasta.
O austríaco Georg Friedrich levou o prêmio de melhor ator por seu papel no drama alemão “Bright nights”, sobre um pai que leva o filho em uma viagem pela Noruega.
“Una mujer fantástica” ficou com o Urso de melhor roteiro, escrito por Lelio e Gonzalo Maza. Também faturou o prêmio Teddy, destinado a filmes com temas LGBT.
A fita conta a história de Marina, uma transsexual, a quem seu entorno, condicionado pelo preconceito e pela ignorância, a impede de se despedir dignamente de seu companheiro, Orlando, morto repentinamente.
A personagem principal é interpretada pela atriz Daniela Vega, ela própria uma transsexual.
Na categoria melhor documentário, o prêmio ficou com “Ghost Hunting”, do cineasta palestino Raed Andoni.
Espécie de terapia coletiva para um grupo de ex-prisioneiros palestinos, o filme reconstitui em um hangar de Ramallah (Cisjordânia), um centro de interrogatório onde os ex-detentos revivem sua prisão, incluindo os maus tratos.
Veja a lista de premiados nas principais categorias do Festival de Berlim:
– Urso de Ouro de melhor filme: “On Body and Soul”, Ildiko Enyedi (Hungria)
– Urso de Prata (Grande prêmio do Júri): “Félicité”, Alain Gomis (França, Senegal, Bélgica, Alemanha, Líbano)
– Urso de Prata de melhor diretor: Aki Kaurismaki por “The other side of hope” (Finlândia, Alemanha)
– Urso de Prata de melhor atriz: Kim Min-hee por “On the beach at Night Alone”, de Hong Sang-soo (Coreia do Sul)
– Urso de Prata de melhor ator: Georg Friedrich (Áustria) por “Bright Nights”, de Thomas Arslan (Alemanha, Noruega)
– Urso de Prata de melhor contribuição artística: “Ana, mon amour”, de Calin Peter Netzer (Romênia, Alemanha, França)
– Urso de Prata de melhor roteiro: “Una mujer fantastica”, de Sebastian Lelio (Chile, EUA, Alemanha, Espanha)
– Prêmio Alfred Bauer em memória do fundador do festival para um filme que abre novas perspectivas: “Spoor”, de Agnieszka Holland (Polônia, Alemanha, República Checa, Suíça, Suécia, Eslováquia)
– Prêmio de melhor documentário (novidade 2017): “Ghost Hunting”, de Raed Andoni (Palestina)
– Prêmio de Melhor primeiro filme: “Summer 1993”, de Carla Simon, Espanha
– Urso de Ouro de melhor curta-metragem: “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante (Portugal)
– Urso de prata de curta metragem: “Ensueño en la Pradera” (Sonho na Pradaria, em tradução livre), de Esteban Arrangoiz Julien (México)