Não é de hoje que a família Bolsonaro prega a volta aos anos de chumbo da ditadura e o retorno dos militares ao poder, mas a fala do deputado Eduardo sobre o novo AI-5 é de arrepiar. Só quem viveu os anos de terror impostos pelo AI-5, implantado pelos militares em 1968, pode atestar o que ele significou para a liberdade de expressão, como a censura, prisões, mortes, tortura, exílio, cassação de mandatos de parlamentares e fechamento do Congresso. Eduardo não tinha nem nascido, mas seu pai já. O mais assustador é que ele defenda esse modelo, como os elogios que faz ao coronel Brilhante Ustra, o maior torturador da história brasileira. E ensinou aos filhos que isso foi bom. Não é à toa que seus moleques reverberam agora esse pensamento: criou filhotes da ditadura.

Só um cabo

E não adianta Eduardo pedir desculpas. É o que ele pensa mesmo. Tanto que recentemente o deputado disse que para fechar o STF bastava um cabo e um soldado. Querem sim a intervenção nas instituições democráticas, a volta da ditadura, o fim da liberdade de imprensa (vide as ameaças aos veículos de comunicação).

Cassação

Foi por isso que a sociedade reagiu à fala de Eduardo. Da direita à esquerda. Do DEM de Rodrigo Maia a integrantes do próprio PSL. Agora, deputados pedem a cassação do mandato do deputado, que, de bebê mimado, virou uma ameaça à democracia. Quem prega o fechamento do Congresso, como ele, não deve fazer parte da instituição. Simples assim.

“Declarações de Eduardo foram graves”

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Antonio Barbosa da Silva

O destino do mandato de Eduardo Bolsonaro está nas mãos do deputado Juscelino Filho (DEM-MA), presidente da Comissão de Ética da Câmara. O garoto de Bolsonaro foi denunciado à comissão por ter atentado contra a democracia ao prever um novo AI-5. Juscelino disse que será isento, mas viu as declarações como “graves e contrárias à Constituição”. O “centrão”, que o clã sempre desprezou, pode salvá-lo.

Rápidas

* Paulo Guedes faz espuma, mas a economia não avança. A balança comercial de outubro foi a pior dos últimos cinco anos. O Brasil exportou US$ 18,23 bilhões, ou 20,4% a menos do que em outubro de 2018. O saldo da balança comercial foi 79,2% menor do que o do ano passado.

* O ex-governador e ex-candidato a presidente, Geraldo Alckmin (PSDB), pode vir a ser candidato a vereador de São Paulo em 2020. Foi o que lhe ofereceram, mas o tucano resiste: quer tirar o ano que vem para estudar.

* O PSL ligado à oposição aos Bolsonaros conseguiu retomar a validade jurídica do partido em São Paulo e tem tudo para tirar Eduardo da presidência do diretório estadual. A deputada Joice Hasselmann é cotada para o seu lugar.

* O PSL ligado à oposição aos Bolsonaros conseguiu retomar a validade jurídica do partido em São Paulo e tem tudo para tirar Eduardo da presidência do diretório estadual. A deputada Joice Hasselmann é cotada para o seu lugar.

Retrato falado

“Ao se apropriar ilegalmente de provas do caso Marielle, Bolsonaro cometeu crime de obstrução” de Justiça” (Crédito:Marcos Oliveira)

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líderes da oposição no Senado e na Câmara, acionarão o STF e a PGR contra Bolsonaro, acusando-o de ter cometido crime de obstrução de Justiça, pelo fato de ele ter “se apropriado de provas relacionadas às investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes”. Os dois parlamentares pedirão que a PGR determine que todo o conteúdo do material seja periciado.

Birra

Que Bolsonaro não se comporta como estadista todos sabem, mas agora está levando suas posições ideológicas extremadas a criar embaraços à diplomacia. Isso já tornou-se uma constante. Transformou o relacionamento com a Argentina em birra pessoal. Depois de dizer que os argentinos tinham feito uma “péssima escolha” ao eleger Alberto Fernández como presidente, agora diz que não vai à sua posse. Pior: nem o cumprimentou pela vitória. Tudo porque ele queria que os argentinos tivessem reeleito Maurício Macri, e ainda porque considera Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, como “esquerdistas”. Ora, o que Bolsonaro tem a ver com as decisões dos eleitores do país vizinho?

 


Pito

Por essa descompostura, Bolsonaro foi repreendido pelo chanceler Jorge Faurie, ministro do próprio presidente Macri, seu aliado, que enviou uma carta ao embaixador do Brasil em Buenos Aires, Sergio Danese, protestando contra as críticas do presidente brasileiro a Fernández. A bronca foi válida.

Toma lá dá cá

Flavio Arns, Senador (Rede-PR)

Como relator da PEC do Fundeb, o senhor acredita que o fundo pode se tornar permanente?
Sim. O Fundeb provou ser o maior instrumento de redistribuição de recursos, com resultados inegáveis na melhoria do ensino e diminuição das desigualdades educacionais.

De que forma podem ser destinados mais recursos para o fundo?
Ampliando a complementação da União. Para isso, estamos apontando na PEC novas fontes de financiamento ao Fundeb.

O senhor acha possível que a complementação da União ao Fundeb aumente dos atuais 10% para 40%?
Possível e necessário. Esse aumento será gradual: 2,5% por ano até chegar aos 40% em 10 anos, a partir de 2021. Hoje, o Fundeb é o principal instrumento para melhorar a educação.

 

Partido Militar

Cada vez mais sem espaço no PSL, Bolsonaro procura um partido para se acomodar, de olho em 2022. O destino mais provável é o Partido Militar Brasileiro, que está sendo criado pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP). Esse novo partido já tem as 491,9 mil assinaturas necessárias para ser aprovado no TSE. Poderá ser o 36º partido brasileiro.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Bancada da bala


Capitão Augusto é coordenador da “bancada da bala” na Câmara, defensor do armamento em massa da população. Um dos emissários de Bolsonaro junto ao Capitão Augusto para pedir uma vaga no novo partido foi o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), ex-coordenador dessa bancada. Augusto já mandou dizer que o partido estará à disposição dos Bolsonaros.

Ministros do bem
O ministro Luis Roberto Barroso assumirá, em maio, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, que vai reger as eleições municipais no lugar da ministra Rosa Weber, outra paladina da moralidade no STF. Barroso e Rosa compõem a turma do bem no Supremo. Em outubro de 2020, o ministro Luiz Fux assumirá o STF.

 


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