Está cada vez mais claro por que Bolsonaro declarou guerra ao STF. A Justiça está fechando o cerco aos seus três filhos, todos acusados de malfeitos passíveis de prisão ou de perda de seus mandatos. Como uma espécie de capo da família, o presidente decidiu que vai lutar com todas as suas forças para protegê-los. Na semana passada, o ministro Celso de Mello mandou a PGR abrir inquérito contra o deputado Eduardo Bolsonaro por crime incurso na Lei de Segurança Nacional. Ele disse que a ruptura institucional aconteceria mais cedo ou mais tarde. Mello viu “subversão” à ordem constituída. Eduardo já é investigado pela comissão de ética da Câmara por defender a volta do AI-5 e por falta de decoro, além de ter sido denunciado à CPMI das Fake News. Pode até ser cassado.

Ódio

Carlos Bolsonaro é outro que caiu nas malhas da lei. É investigado pelo ministro Alexandre de Moraes no caso das fake news contra ministros do STF. É acusado de coordenar o gabinete do ódio, que funciona no Palácio do Planalto, de onde partem ataques a adversários do pai. Ainda é suspeito de praticar rachadinhas no gabinete de vereador no Rio.

Corrupção

O mais enrolado de todos é o senador Flávio Bolsonaro, suspeito de se apoderar dos salários dos funcionários
do seu gabinete quando era deputado estadual no Rio, em parceria com Fabrício Queiroz. O MP do Rio o investiga, ainda, com aval do STF, por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito na compra de imóveis. Crimes suscetíveis de prisão.

PF investiga Wajngarten

Edu Andrade

O Ministério Público Federal determinou que a PF instaure inquérito contra o chefe da Secom, Fábio Wajngarten, por improbidade administrativa. Ele é acusado de direcionar verbas publicitárias do governo para sites ideológicos e, ao mesmo tempo, censurar veículos de comunicação críticos ao Planalto. Segundo o MPF, Wajngarten “promove a distribuição arbitrária e discriminatória da publicidade oficial”.

Rápidas

* A deputada Joice Hasselmann, líder do PSL, tem informações de que a investigação do STF aponta para a existência de uma “caixinha” de R$ 2 milhões mensais que seriam distribuídos entre blogueiros de direita que apoiam Bolsonaro, entre eles Allan Terça Livre.

* O acordo com o Centrão está contribuindo para piorar a imagem de Bolsonaro. O Datafolha diz que 67% entendem que o presidente “agiu mal” ao negociar cargos e verbas com parlamentares que integram o grupo.

*Rosângela da Silva, a Janja, com quem Lula está morando, dá uma pista das razões que levam o ex-presidente a ficar distante da política. “Nada melhor que ficar debaixo dos cobertores com meu amor”, disse ela no Facebook.

* O TSE acaba de receber os R$ 2 bilhões do fundo eleitoral que será distribuído aos partidos para a disputa das eleições municipais deste ano, que podem ser adiadas de outubro para novembro por conta da pandemia.

Retrato falado

“Precisamos responsabilizar quem usa fake news para disseminar o ódio” (Crédito:Divulgação)

Em live da ISTOÉ na sexta-feira, 29, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu punições para as pessoas que propagam notícias falsas para “a disseminação do ódio”, inclusive com o uso de robôs. Ele mesmo foi alvo de ataques de grupos bolsonaristas e diz que está na hora de isso acabar. Por essa razão, Maia apoiará o projeto apresentado ao Congresso para a criação da Lei de Fake News, de autoria do senador Alessandro Vieira e dos deputados Felipe Rigoni e Tabata Amaral.

Os valentões

Os ministros de Bolsonaro demonstram que só são valentes quando pensam estar no anonimato de uma reunião ministerial. Sem imaginar que o teor da sessão seria divulgado, Weintraub chamou os ministros do STF de “vagabundos” e que deveriam ser presos. Chamado a depor à PF, no entanto, afinou: ficou calado. Salles, que queria passar uma “boiada” para destruir o meio ambiente, disse depois que foi “mal interpretado”. Damares, que desejava prender governadores, voltou atrás. Paulo Guedes foi outro que se mostrou intrépido na frente dos colegas, dizendo que tinha lido Keynes no original, mas agora confessa não saber como impedir a retração de 8% no PIB deste ano.

Naufrágio

Ao comentar a queda de 1,5% no PIB no primeiro trimestre, e reconhecendo que no segundo o tombo será maior, Guedes desceu do pedestal, pedindo que todos o ajudem a encontrar saídas para a crise. “Precisamos que todos ajudem a remar até a margem. Caso contrário, corremos o risco de o barco afundar”.

Toma lá dá cá

Alexandre Frota, Deputado (PSDP-SP) (Crédito:Divulgação)

Como o senhor vê a guerra aberta por Bolsonaro contra o STF?
Bolsonaro só sabe arrumar confusão com todo mundo. Não sabe governar e construir pontes. É teimoso e autoritário. Jogou fora a oportunidade de construir um futuro melhor para o Brasil.

Há riscos de uma ruptura institucional como diz o deputado Eduardo Bolsonaro?
O deputado Eduardo não tem noção das coisas que fala. Prega o AI-5, o fechamento do Congresso e do STF, quando deveria propor soluções para o País. Não passa de um menino mimado e chato.

A democracia está em risco?
O presidente e os filhos precisam entender que os tempos são outros. A sociedade não compactua com essa ideologia nojenta e não aceitará retrocessos.

Moro se aquece

Marcos Oliveira

A entrada de Sergio Moro na política é dada como certa. No início, ele pensava em estudar nos EUA ou montar um escritório de advocacia com a mulher Rosângela, mas está sendo convencido por amigos a participar das eleições de 2022. Até já contratou uma assessora de imprensa. Está cada vez mais ativo no Twitter, com 3,1 milhões de seguidores.

Podemos

Falta agora definir um partido político para se filiar, o que é indispensável para participar do processo eleitoral. Já recebeu convites de quatro partidos, mas o caminho mais lógico é o do Podemos, liderado pelo senador Alvaro Dias, que também é do Paraná, como ele, e que também tem a bandeira do combate à corrupção, encarnada por Moro.

Disputa por talentos

Doria reforçou seu time no governo de São Paulo desfalcando a equipe de Bolsonaro. Tirou João Gabbardo dos Reis do Ministério da Saúde, onde era secretário executivo, e deu-lhe o posto de secretário estadual de Projetos, Orçamento e Gestão. Gabbardo vai auxiliar Doria a planejar a saída do isolamento.