Atrito entre Michelle e Ciro une filhos de Bolsonaro contra ex-primeira-dama

Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro criticam madrasta após manifestação contra aliança articulada pelo PL no Ceará

Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro
Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro Foto: Reprodução/Redes Sociais

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram ao irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para enfileirar críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que atacou publicamente uma aliança firmada pelo partido para apoiar Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará em 2026.

Nesta segunda-feira, 1º, o senador Flávio disse ao jornal O Povo que a ex-primeira-dama “atropelou” seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu “tapar o nariz” e apoiar o ex-ministro no pleito para garantir ao grupo uma vaga no Senado pelo estado.

Para o parlamentar, Michelle extrapolou sua prerrogativa ao opinar em uma candidatura majoritária e se dirigiu ao deputado André Fernandes, presidente do diretório cearense do PL, de forma “autoritária e constrangedora“.

Horas depois, Carlos foi ao X (antigo Twitter) para endossar o irmão e dizer que o grupo político precisa estar “unido” e respeitar a liderança do ex-presidente sem se deixar levar por “outras forças”.

Licenciado do mandato desde março, Eduardo se uniu ao coro e disse que a madrasta foi “injusta e desrespeitosa” com o correligionário. “Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer o líder“, escreveu no X.

Ciro Gomes (PSDB) foi alvo de críticas de Michelle Bolsonaro (PL)

Ex-presidenciável foi alvo de críticas de Michelle

Ciro Gomes é pivô de discordância

O conflito se deve a uma declaração feita por Michelle no domingo, 30, em Fortaleza. A ex-primeira-dama disse que as lideranças locais do PL “se precipitaram” na aproximação com Ciro e se opôs à aliança com um “homem que é contra o maior líder da direita”, em referência ao próprio marido. A declaração ocorreu no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do estado.

André Fernandes reagiu negativamente à fala de Michelle e, ainda no domingo, disse que Bolsonaro consentiu com o apoio ao ex-ministro em uma ligação com o próprio e o autorizou a articular por isso.

Como a IstoÉ contou nesta reportagem, o pragmatismo está por trás da aliança entre o bolsonarismo e Ciro, crítico conhecido do ex-presidente. Fortalecidas pela eleição para a prefeitura de Fortaleza — em que o próprio André foi derrotado por Evandro Leitão (PT) por uma margem de pouco mais de 10 mil votos –, as lideranças da oposição cearense se aproximaram com a pretensão de encerrar um ciclo de 12 anos de petismo no estado e o ex-presidenciável despontou como nome mais competitivo para isso.

Desencontro na família Bolsonaro

O bolsonarismo enfrenta um cenário de indefinição desde que o ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por uma tentativa de golpe de Estado, em setembro — ele passou a cumprir a pena no dia 25 de novembro, em regime fechado, na superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Com sua principal liderança fora do páreo, os filhos, a esposa e senadores e governadores aliados de Bolsonaro têm feito movimentos dissonantes em relação à estratégia para enfrentar o presidente Lula (PT) nas urnas em 2026. O vácuo decisório piorou a relação política entre Michelle e os enteados.