O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram ao irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para enfileirar críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que atacou publicamente uma aliança firmada pelo partido para apoiar Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará em 2026.
Nesta segunda-feira, 1º, o senador Flávio disse ao jornal O Povo que a ex-primeira-dama “atropelou” seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu “tapar o nariz” e apoiar o ex-ministro no pleito para garantir ao grupo uma vaga no Senado pelo estado.
Para o parlamentar, Michelle extrapolou sua prerrogativa ao opinar em uma candidatura majoritária e se dirigiu ao deputado André Fernandes, presidente do diretório cearense do PL, de forma “autoritária e constrangedora“.
Horas depois, Carlos foi ao X (antigo Twitter) para endossar o irmão e dizer que o grupo político precisa estar “unido” e respeitar a liderança do ex-presidente sem se deixar levar por “outras forças”.
– Meu irmão, @FlavioBolsonaro, está certo e temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças! pic.twitter.com/Au9u5rOL8z
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) December 1, 2025
Licenciado do mandato desde março, Eduardo se uniu ao coro e disse que a madrasta foi “injusta e desrespeitosa” com o correligionário. “Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer o líder“, escreveu no X.
Meu irmão @FlavioBolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o @andrefernm o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai.
André não poderia ser criticado por obedecer o líder. https://t.co/9e8am5fcpo
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) December 1, 2025

Ex-presidenciável foi alvo de críticas de Michelle
Ciro Gomes é pivô de discordância
O conflito se deve a uma declaração feita por Michelle no domingo, 30, em Fortaleza. A ex-primeira-dama disse que as lideranças locais do PL “se precipitaram” na aproximação com Ciro e se opôs à aliança com um “homem que é contra o maior líder da direita”, em referência ao próprio marido. A declaração ocorreu no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do estado.
André Fernandes reagiu negativamente à fala de Michelle e, ainda no domingo, disse que Bolsonaro consentiu com o apoio ao ex-ministro em uma ligação com o próprio e o autorizou a articular por isso.
Como a IstoÉ contou nesta reportagem, o pragmatismo está por trás da aliança entre o bolsonarismo e Ciro, crítico conhecido do ex-presidente. Fortalecidas pela eleição para a prefeitura de Fortaleza — em que o próprio André foi derrotado por Evandro Leitão (PT) por uma margem de pouco mais de 10 mil votos –, as lideranças da oposição cearense se aproximaram com a pretensão de encerrar um ciclo de 12 anos de petismo no estado e o ex-presidenciável despontou como nome mais competitivo para isso.
Desencontro na família Bolsonaro
O bolsonarismo enfrenta um cenário de indefinição desde que o ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por uma tentativa de golpe de Estado, em setembro — ele passou a cumprir a pena no dia 25 de novembro, em regime fechado, na superintendência da Polícia Federal, em Brasília.
Com sua principal liderança fora do páreo, os filhos, a esposa e senadores e governadores aliados de Bolsonaro têm feito movimentos dissonantes em relação à estratégia para enfrentar o presidente Lula (PT) nas urnas em 2026. O vácuo decisório piorou a relação política entre Michelle e os enteados.