Demorou pouco mais de 16 anos para que o volante Roni Medeiros de Moura – ou simplesmente Roni – fizesse a sua estreia pelo profissional do Corinthians. No entanto, bastaram 34 minutos para que o jogador de 21 anos marcasse o seu primeiro gol no clube onde cresceu. Na quarta-feira, diante do Bahia, ele foi escolhido pelo técnico interino Dyego Coelho para atuar no time titular. A equipe venceu por 3 a 2, garantiu a sua primeira vitória após o batismo da Neo Química Arena e o “filho do terrão” se destacou.

Roni chegou ao Corinthians em 2004, quando tinha cinco anos. Sua integração precoce lhe rendeu a oportunidade de passar por todas as categorias de formação. A princípio, ele começou no futsal, onde jogou por seis anos. Em 2010, no entanto, foi transferido para os gramados do Parque São Jorge.

O volante faz parte de uma safra de jogadores conhecidos da base. Roni jogou ao lado de Pedrinho, Léo Santos, Léo Jabá e Fabrício Oya. Em 2016, foi campeão da Copa do Brasil Sub-17. No ano seguinte, da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha. Nas duas ocasiões, ele era o capitão do time. Vestiu a braçadeira em todas as categorias. Isso porque o volante é conhecido internamente como um jogador de espírito aguerrido, que não se entrega.

Ao término da partida contra Bahia, dedicou o gol ao seu irmão Tupã, que morreu em dezembro de 2016. Na ocasião, Roni estava concentrado com os seus companheiros de base para a disputa da Copa Rio Grande do Sul. Mesmo sabendo da notícia, continuou com o elenco até o Corinthians ser eliminado. Não quis deixar os companheiros.

“Gol muito especial, faz mais de 16 anos que estou no Corinthians e o sonho sempre foi jogar no profissional e fazer um gol. Trabalhei muito, só eu e minha família sabemos o que passamos. Queria dedicar esse gol para o meu irmão. Ele faleceu”, disse, acrescentando: “Eu sempre falei para ele que um dia seria profissional e poderia ajudar meu pai e minha mãe a comprar uma casa. Esse sempre foi o sonho dele”.

Tupã tinha a mesma ambição de Roni: ser jogador profissional de futebol. Ele chegou a jogar no time “B” do Palmeiras. Não deu certo. Morreu em decorrência de uma parada cardíaca durante um jogo de várzea. Era mais velho do que Roni.

O jogador do Corinthians foi integrado ao elenco pelo técnico Tiago Nunes, em julho, mas não havia sido utilizado. Com a chegada de Dyego Coelho, que já o treinou nas categorias inferiores, deve ganhar mais destaque. Em sua estreia, o novato jogou como segundo volante, mas isso não lhe impede de atuar em outros setores do campo. Roni começou a jogar como atacante e também já atuou como meia e segundo volante. O sonho de dar uma casa para os pais já foi realizado.

Seu gol contra o Bahia foi em um chute de fora da área, de frente para o gol, mostrando uma característica carente no futebol nacional: os arremates. Dyego Coelho ainda não sabe se ele seguirá no time ou se vai esperar por novas oportunidades no banco de reservas.