Filho de Solimões, Gabeu se destaca como pioneiro do queernejo

‘É gratificante fazer LGBTs se identificarem com o sertanejo’, afirma o artista

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Gabeu e Solimões. Foto: Divulgação.

“Eu adoro quando me dizem ‘você me fez começar a ouvir sertanejo'”. É assim que Gabeu, um dos nomes que está redesenhando o cenário da música com o queernejo, descreve a reação mais gratificante do seu trabalho. Filho do cantor Solimões, que fez grande sucesso no passado ao fazer dupla com Rio Negro, ele fala sobre representatividade e como sua arte tem atingido diversos públicos.

O cantor e compositor une o sertanejo à identidade LGBTQIAPN+ e acredita que seu público vai muito além do nicho musical: “É bem claro pra mim que o meu público não é, em sua maioria, consumidor de sertanejo. São pessoas que consomem cultura pop e, muitas vezes, fazem questão de deixar isso claro – e sinceramente, eu adoro”.

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Apesar de não seguir as normas convencionais do ritmo, Gabeu observa que sua arte tem alcançado, sobretudo, jovens que não se sentem representados pelo cenário tradicional do gênero: “Pra mim, é muito gratificante fazer pessoas LGBTs se identificarem com o sertanejo, um gênero musical extremamente forte no nosso país”. 

“Uma parte de mim gostaria de ter sentido isso por algum artista na minha adolescência, talvez teria sido mais fácil passar por todas as minhas questões de não pertencimento, mas uma outra parte pensa que eu não estaria construindo o que tenho construído hoje”, complementa.

O artista também destaca o papel transformador de sua presença nos palcos e nas redes. “Uma das sensações mais gostosas e loucas da vida é subir no palco pra cantar modão e ver na plateia só gay, lésbica, travesti, bissexual, não-bináries… Eu amo!”, conta, completando que também é acolhido por um público mais diverso: “Geralmente são pessoas com um interesse genuíno pela música, sabe? E que, por meio da arte, têm a chance de entrar em contato com um corpo, mente e uma vivência completamente diferente da delas. Acho isso transformador”.

Referência para jovens que não se veem representados na grande mídia, Gabeu finaliza falando sobre a responsabilidade que vem com a visibilidade: “Hoje, penso melhor antes de falar ou postar algo. Tento equilibrar as coisas para não me podar demais e acabar parecendo muito artificial. Tenho um público com uma faixa etária bastante variada”. 

“Muitas pessoas mais velhas me seguem por causa do meu pai, por serem fãs dele, e acabam gostando de mim também. Outras são da minha faixa etária, que se identificam comigo e compartilham vivências parecidas com as minhas. Mas também percebo que há seguidores mais jovens, que ainda estão passando pela adolescência e pelos processos que grande parte de nós, LGBTs, enfrentamos. Alguns me pedem conselhos, dicas, e eu tento me mostrar aberto a contribuir, nem que seja de uma forma mínima”, encerra.