O astrólogo e empresário Tales de Carvalho, filho do escritor morto Olavo de Carvalho, é acusado de estupro e tortura física e psicológica. Em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do “Metrópoles”, uma ex-mulher dele detalhou os supostos episódios de sadismo e crueldade que teriam ocorrido durante décadas.

O empresário, um dos proprietários da escola de cursos ICLS (Instituto Cultural Lux et Sapientia), virou notícia em março deste ano, quando a Justiça ordenou o retorno de uma estudante, então com 18 anos, a Goiás após uma ação aberta pela família dela. Ela deveria dizer perante um juiz se resolveu viajar para encontrar com Tales Carvalho e, depois, morar com ele por vontade própria. Para isso, foi mobilizada a Polícia Federal e a polícia do Paraguai, pois, dias antes da decisão, o astrólogo mandou a jovem para a casa do irmão Luiz de Carvalho, na cidade paraguaia de Presidente Franco, fronteira com Foz do Iguaçu.

Outro ponto que chama a atenção em relação a Tales é que ele chegou a ter quatro mulheres ao mesmo tempo, e todas moravam na mesma casa. A primeira a se casar com o empresário foi Calinka de Moura, em setembro 1997. Ao colunista, ela disse que os dois eram budistas, mas o empresário converteu-se ao islamismo no ano de 1988 e a convenceu de fazer o mesmo.

Segundo ela, com cerca de quatro anos de casamento, Tales comunicou que queria ter uma segunda esposa, que tinha 12 anos à época. Ela relembrou que isso caiu como uma bomba no relacionamento deles, visto que a menina era enteada de Eugênia, mãe do empresário. Calinka ainda afirmou que a união deles envolvia um contrato, em que previa a consumação do casamento apenas quando a garota completasse 16 anos, pois não seria caracterizado como estupro de vulnerável.

O colunista teve acesso a um e-mail que Tales enviou para Calinka, em 2003, que o empresário dizia: (…) Embora você saiba que eu te amo mais que tudo (sic) eu não posso negar que eu sinto algo forte por ela, eu sei que é difícil para uma mulher compreender isto, por isso eu não espero que você me perdoe e me compreenda. Eu tive várias visões e sonhos aqui sobre este assunto. (…) Nestas visões várias (sic) pessoas apareciam tendo um destino glorioso inclusive (sic) você, eu, (a moça com 14 anos na época, cujo nome a coluna, por entender que ela até hoje é uma potencial vítima, decidiu não informar], [pai da moça com 14 anos na época), e pasme, minha mãe. Portanto, não tenha maus sentimentos com relação à (moça com 14 anos na época) e minha mãe, você sempre será superior a elas para Allah e para mim”.

Procurado, o advogado Frank Reche Maciel, que representa o empresário, afirmou a Guilherme Amado que a menina tinha 14 anos quando eles se envolveram, idade a partir da qual não uma relação não considerada estupro de vulnerável.

Depois, em 2006, Tales manifestou a Calinka a vontade de levar a menina para morar junto a eles. Nesse momento, ela resolveu sair de casa e voltar com as duas filhas para a sua cidade natal, Curitiba (PR). No ano de 2007, o empresário ligou para ela e pediu o divórcio, mas conforme os preceitos islâmicos, ou seja, ela deveria ficar quatro meses sem ter relações com ele e outros homens.

Após esse período, Calinka começou a trabalhar em um salão de beleza, frequentar festas e namorar. Ao saber disso, Tales pediu para reatar o casamento, mas ela negou. No entanto quando as filhas do casal foram passar férias com ele, em 2007, o empresário teria ameaçado não devolvê-las se a mulher não voltasse com ele.

Por conta disso, Calinka reatou o matrimônio e, segundo ela, a partir desse momento as agressões começaram para “purificação” e “limpeza” dos pecados.

Religião

Tales afirma ser “tariqa”, confraria esotérica do islamismo regidas também pelo Alcorão, mas conta cada uma com líder religioso próprio e prática destinta entre si.

Toda a tortura que o empresário supostamente aplicou contras as ex-mulheres, e as mulher que vivem com ele até hoje, tinham como base as regras da tariqa.

Fuga e processo

Calinka afirmou que conseguiu fugir com a filha mais nova da casa onde morava Tales e decidiu se separar em abril de 2021. Ela destacou que manteve o histórico de agressões em segredo até das filhas. Mas a filha mais velha dela, Julia Moura, contou que tem lembranças de escutar o pai batendo na mãe e em uma outra mulher.

Ao colunista, o advogado de Tales afirmou que as acusações de agressões foram utilizadas para tentar privar o empresário da guarda compartilhada da filha mais nova com Calinka, e a Justiça “não deu créditos a essas mentiras”.

A ISTOÉ entrou em contato com a ICLS para saber se Tales gostaria de comentar o caso, mas não obteve resposta até o momento.