O filho de Kavous Seyed Emami, ecologista iraniano-canadense que morreu na prisão, afirmou que sua família havia sido ameaçada pelas autoridades do Irã antes da morte de seu pai, e que o vídeo de “suicídio” não é “conclusivo”.
O governo iraniano acusa Kavous Seyed Emami, um acadêmico renomado e diretor da Fundação para a Fauna Persa, de fazer parte de uma rede de espionagem que trabalharia para o Mossad israelense e a CIA americana.
As autoridades garantem que Emami, detido em janeiro junto com outros sete membros de sua fundação, suicidou-se em sua cela na semana passada. O procurador-geral de Teerã, Abas Jafari Dolatabadi, afirmou na quarta-feira que a necropsia do acadêmico confirmava o suicídio.
O presidente do Irã, Hassan Rohani, ordenou a um comitê de quatro membros, entre eles os ministros do Interior e de Inteligência, que investigue os “acontecimentos desagradáveis ocorridos em certos centros de detenção” e que elabore um informe sobre “as eventuais infrações, ou faltas”, informou a agência de notícias Isna.
Em sua página oficial on-line, o filho do ambientalista, Ramin Emami, um conhecido músico, afirmou que sua mãe foi “interrogada e ameaçada” na sexta-feira antes de lhe informarem a morte de seu marido.
Um tribunal local “convocou minha mãe e lhe disseram que comparecesse para se encontrar com seu marido”, escreveu.
“Em vez disso, eles a interrogaram e ameaçaram-na durante três horas antes de anunciar a morte de seu marido e de lhe fazer assinar um documento para que não falasse com a imprensa”, assegurou.
Ramin Emami também disse ter visto o vídeo que mostra seu pai na cela e que as autoridades apresentam como prova de seu suicídio.
“Devo dizer que não há nada conclusivo, porque não se veem no vídeo as circunstâncias da morte”, acrescenta.
“Tudo o que consegui ver é que meu pai estava muito nervoso. Não estava em seu estado normal”, completou.
Na gravação, vê-se Emami entrando em outro cômodo que as autoridades apresentaram como o banheiro.
“Sete horas depois, seu cadáver saía do quarto. O pedido dos advogados de ver a cela foi rejeitado. Apresentamos um pedido imediatamente”, acrescentou.