Ivanka Trump, filha do ex-presidente Donald Trump, reapareceu na arena pública nesta quarta-feira (8) para prestar depoimento no julgamento civil que ameaça o império imobiliário de sua família, acusado de fraude financeira.

A filha mais velha do bilionário, de 42 anos, que deixou a Trump Organization em 2017 para se tornar assessora de seu pai na Casa Branca, não é ré no caso, mas foi intimada a depor.

Após prestar juramento, Ivanka foi perguntada pela promotoria se esteve envolvida na elaboração dos demonstrativos financeiros de seu pai, e respondeu: “não, até onde sei”.

“Eu não sabia nada sobre suas declarações pessoais, além do que me foi mostrado” no tribunal, continuou, demonstrando uma memória fraca, pois frequentemente afirmou não se lembrar de muitos dos conteúdos desses documentos.

Ivanka Trump respondeu durante a manhã e a maior parte da tarde às perguntas da promotoria, primeiro sobre seu envolvimento na empresa familiar e o que sabia sobre a parte financeira e, em seguida, às perguntas de um dos advogados de sua família, Jesús Suárez, que chegou a protestar com o juiz que a acusação estava rindo de suas perguntas.

“Eles estão rindo”. “Eles acham que é engraçado, mas não é engraçado”, disse ele, irritado.

Após resistir sem sucesso à intimação do juiz de instrução Arthur Engoron para depor no julgamento como testemunha, alegando que não pertence mais à empresa familiar e não mora mais em Nova York, a filha do ex-presidente republicano é a quarta pessoa da família a comparecer perante o Tribunal de Justiça de Manhattan.

Antes dela, prestaram depoimento seu pai e seus irmãos Donald Jr. e Eric, que são réus no processo, além de outros executivos da Trump Organization, acusados de inflar o valor de seus ativos imobiliários em bilhões de dólares para obter empréstimos bancários e condições de seguros mais vantajosas.

A promotoria apresentou documentos e e-mails enviados por ela, datados principalmente entre 2011 e 2016, quando era alta executiva da empresa familiar, mostrando seu envolvimento na negociação de empréstimos bancários. A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, alega que ela conseguiu isso, em parte, devido às declarações financeiras de seu pai.

James, que abriu o caso, disse antes do início do depoimento de Ivanka Trump que ela havia “negociado empréstimos para obter termos favoráveis com base em declarações fraudulentas da condição financeira.”

“Descobrimos o esquema e ela se beneficiou pessoalmente dele”, acrescentou.

– US$ 250 milhões –

Trump, favorito para a indicação republicana às eleições presidenciais de 2024, foi interrogado na segunda-feira e protagonizou diversos embates com o juiz, denunciando o julgamento como uma “desgraça” e “interferência eleitoral”.

Tanto o republicano como seus filhos não correm risco de prisão nesse caso, mas podem ser multados em até 250 milhões de dólares (cerca de R$ 1,2 bilhão) e proibidos de dirigir a empresa familiar.

Antes mesmo do início do julgamento, o juiz Engoron considerou que a Procuradoria-Geral do Estado de Nova York apresentou “provas conclusivas” de que Trump havia inflado seu patrimônio líquido entre 812 milhões e 2,2 bilhões de dólares (R$ 3,9 bilhões e R$ 10,7 bilhões) nos demonstrativos financeiros entre os anos de 2014 e 2021.

Como consequência, o juiz determinou a liquidação das sociedades que administravam esses ativos, como a Trump Tower e o arranha-céu número 40 de Wall Street.

Essa decisão judicial está suspensa, à espera da resolução de um recurso, mas suas consequências são potencialmente devastadoras e evidenciam o muito que está em jogo para o ex-presidente.

O julgamento civil por fraude é o primeiro de uma série de desafios judiciais que o bilionário terá que enfrentar enquanto ainda sonha em retornar à Casa Branca.

Em março de 2024, Trump voltará ao banco dos réus em um tribunal federal de Washington para responder às acusações de conspiração para anular os resultados das eleições de 2020, nas quais foi derrotado pelo presidente Joe Biden.

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