29/11/2021 - 15:16
Em abril de 2018, Raffaelle Kasprowicz Barros foi nomeada para exercer o cargo de assessora especial da presidência da estatal Bahiafarma. Isso aconteceu cerca de 20 dias depois que seu pai, Ricardo Barros, deixou o posto de ministro da Saúde para concorrer à reeleição para deputado federal. As informações são da Folha de S.Paulo.
A nomeação foi assinada por Ronaldo Dias, presidente da estatal na época. Ele é primo de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro exonerado por suspeitas de irregularidades nas compras das vacinas contra Covid-19.
A folha de pagamentos, à qual o jornal teve acesso, apontou que Raffaelle trabalhou no último mês de forma híbrida, jornada de oito horas na Bahiafarma apenas uma vez por semana e recebeu o salário de R$ 10 mil.
Além do cargo na estatal, a filha do líder do governo Bolsonaro atua como nutróloga em uma clínica particular e é proprietária de uma escola particular infantil em Salvador.
A Bahiafarma informou que Raffaelle é “responsável pela Farmacovigilância e Serviço de Atendimento ao Usuário da Insulina Humana fornecida ao Ministério da Saúde através de contrato licitado”.
Esse contrato, contudo, foi suspenso ainda na gestão de Barros após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) inspecionar e reprovar o laboratório ucraniano Indar, com quem o Ministério da Saúde havia firmado parceria para a produção de insulinas.
O documento ainda está sendo avaliado pelo comitê deliberativo e permanece suspenso.
Raffaelle Barros afirmou que a sua indicação não tem relação com a atuação de seu pai no ministério.
“Eu sou médica endocrinologista, nutróloga e tenho mestrado em medicina e saúde. Atuei no Cedeba (Centro de Pesquisas de Diabetes do Estado da Bahia) e fui professora da Ufba. Fui selecionada por currículo”, disse.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Ricardo Barros corroborou a fala da filha. “Ela foi contratada na Bahiafarma após sua saída do ministério, em abril de 2018, para disputar as eleições. Entrou na equipe para cooperar no desenvolvimento da insulina. Suas atividades são compatíveis com seu contrato, portanto, não há irregularidades.”