A atriz Júlia Almeida, filha do autor Manoel Carlos, detalhou o diagnóstico de Parkinson recebido pelo autor há seis anos e a missão deixada por ele para que Júlia perpetue o trabalho do escritor. Atualmente com 91 anos, Manoel está afastado da TV desde 2014, quando fez a novela Em Família, da Rede Globo.
“Receber o diagnóstico nunca é bom, mas é uma doença tratável. Ele está muito bem assessorado por médicos e tem acompanhantes. Está sendo cuidado direitinho, tem minha mãe ao lado dele”, disse a artista sobre em entrevista ao jornal O Globo nesta quarta, 1º. Casado com Elisabety Gonçalves de Almeida há 50 anos, o casal foi fundador da produtora Boa Palavra. Agora, Júlia possui o papel de administrar a produtora e o legado do autor.
“O que ele quer mesmo é que o trabalho dele continue para as outras gerações. Eu entendi o que foi passado para mim”, comentou ela. Segundo Júlia, o pai gosta de passar os dias ouvindo música clássica, lendo jornal e tomando sol enquanto vê o Cristo Redentor. Atualmente, ele faz fisioterapia.
“Ele está deixando um legado muito importante para o nosso país, não só para a história da televisão brasileira, mas para todos nós”, disse a atriz, que lembrou que o pai passou a associar a bossa nova com o bairro do Leblon e as “Helenas”, além de ter sido o primeiro autor a incluir uma protagonista negra em uma novela das nove, Viver a Vida. A artista contou que uma biografia sobre o escritor já está em produção.
“Acho que o público tem uma gratidão muito grande. Ele entrava na casa das pessoas e abria diálogos que a mãe não conseguia ter com o filho”, afirmou Júlia. “Ele entendeu o poder da TV, falou sobre câncer, síndrome de Down, sexualidade, prostituição, racismo. […] Isso tem uma importância para o nosso país, é fundamental. A Helena morava no Leblon, mas ele falava com o Brasil inteiro.”