O presidente da Fifa, Gianni Infantino, acusado de tentar obter informações confidenciais sobre a investigação da Fifa em julho de 2015, sete meses antes de ser eleito mandatário da entidade, não solicitou um encontro com o promotor-geral suíço, afirmou nesta terça-feira (10) a federação internacional.

“Infantino tinha interesse em averiguar se as investigações não eram contra ele”, acusaram os autores do relatório publicado na semana passada pela Autoridade de Vigilância do Ministério Público da Suíça (AS-MPC), segundo revelou no sábado o jornal francês Le Monde.

“Ele não pediu a ninguém para se encontrar com o promotor-geral da confederação e/ou sua equipe em 2015, ou em outro momento anterior”, respondeu a Fifa em comunicado enviado à AFP nesta terça.

“Além disso, em julho de 2015, Infantino não tinha a intenção de se candidatar à presidência da Fifa e apoiava plenamente a candidatura de Michel Platini”, que foi suspenso em seguida, completou a Fifa.

Para a federação internacional, este relatório da Autoridade de Vigilância “contém uma teoria de complô fabricada”.

A Autoridade de Vigilância afirmou que “Infantino estudava então uma candidatura à presidência da Fifa e tinha o interesse em saber se as investigações contra a Fifa estavam direcionadas a dois adversários diretos pela presidência”. Os nomes dos adversários não foram revelados.

De acordo com o relatório, o promotor-geral Michael Lauber, encarregado da investigação por corrupção na Fifa, e o primeiro promotor de Haut-Valais, Rinaldo Arnold, amigo de Infantino, se reuniram em 8 de julho de 2015.

Embora ambos os envolvidos garantam ter se reunido para falar sobre “questões gerais do procedimento penal”, a Autoridade de Vigilância afirmou que também conversaram sobre “os processos Fifa, abertos em maio de 2015 para investigar a corrupção na entidade”.

A revelação desta reunião de 8 de julho de 2015 poderia reforçar a hipótese de uma colusão entre o presidente da Fifa e o Ministério Público suíço.

Para a Fifa, se Infantino, uma vez eleito, se encontrou com Lauber, foi “para mostrar sua vontade, e da Fifa, de cooperar com as investigações sobre o que acontecia na Fifa antes de sua chegada”.

Lauber, porém, foi punido por ter mentido e “travado” a investigação disciplinar da qual era alvo sobre sua gestão do caso Fifa, depois de ter se reunido em três ocasiões com Infantino, enquanto a investigação por corrupção estava em andamento.

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