Os presidenciáveis Ciro Gomes e Simone Tebet, como já é sabido, não se classificarão para o segundo turno, mas terão a primazia de influir em uma questão fundamental no processo eleitoral deste ano: haverá ou não uma segunda rodada nas eleições entre Lula e Bolsonaro? Quando Simone estava na casa do 1% e Ciro com 6%, era provável que Lula levasse no primeiro turno. Depois que a emedebista subiu para 5% e o pedetista voltou para 9%, o petista parou de crescer, enquanto o capitão se manteve estável, levando os institutos de pesquisa a ficarem em cima do muro para responder se Lula ganha no primeiro ou no segundo turno. Dessa forma, mesmo sem chances, Ciro e Simone serão o fiel da balança do jogo: ou para o voto útil no primeiro ou como apoio para o segundo turno.

Ciro

O mais importante no segundo tempo do jogo será o eleitor de Ciro Gomes. Independentemente do que pense, o seu eleitor é lulopetista e já declarou isso aos pesquisadores. Não há o que Ciro possa fazer nesse sentido. Nem mesmo dizer que não apoiará Lula no segundo turno e que o petista envelheceu de corpo e de ideias etc. etc. Esse voto é petista.

Simone

No caso da senadora, a questão é um pouco mais delicada. Os eleitores de Simone têm um pé em Lula, sobretudo no Nordeste, e outro na canoa de Bolsonaro, especialmente os do centro-oeste e sudoeste (gente do agronegócio). Os votos de Simone, portanto, estarão divididos no segundo turno e nem um dos dois leva vantagem. Ciro decidirá.

Aliado enrolado

Alexandre Rezende

Pela reeleição, Romeu Zema, do Novo, fez aliança com outros nove partidos. Três deles (Progressistas, Avante e Agir) acertados pelo deputado Marcelo Aro, candidato ao Senado e homem forte de Ciro Nogueira. Aro tem pelo menos cinco boletins de ocorrência registrados contra ele: lesão corporal contra uma ex-namorada, ameaça, desacato e desobediência contra policiais militares e fraude de documentos.

Retrato falado

“Estamos indo para o precipício” (Crédito:Ricardo Borges)

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga diz que o Brasil está indo para o precipício na questão ambiental, caso não sejam tomadas medidas que evitem sua degradação. Para ele, o País tem aumentado os gastos públicos nos últimos anos, mas tem havido uma grande falta de prioridade. Na causa ambiental, Arminio mostra que a resiliência tem que partir de um planejamento assertivo e que todos têm de estar preparados para lidar com os acidentes que podem atingir o setor.

Exclusão digital

O mundo teve um grande avanço na inclusão digital e no Brasil isso não poderia ser diferente. Hoje, 155,7 milhões de brasileiros utilizam a internet, o que é muito bom. O lamentável é que ainda temos muita gente desconectada. Dados da Pnad Contínua, feita pelo IBGE, mostram que o País tem 7,2 milhões de famílias excluídas digitalmente, o que significa dizer que temos 26,2 milhões de brasileiros que não usam a internet para se comunicar. Entre eles, estão 3,6 milhões de estudantes. Ora, não é por outra razão que ainda temos tanta gente miserável, muitos dos quais não conseguem nem mesmo acessar os dados dos órgãos públicos para obter o Auxílio Brasil.

Escolaridade ruim

Essa é uma das razões que levam milhares de crianças a não conseguirem ler e escrever aos oito anos. Segundo estudo feito pelo Ministério da Educação, de acordo com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito em 2021, crianças com dez anos voltaram ao nível de aprendizado que tinham em 2013.

Vacas magras

São tempos de vacas magras para os candidatos do Progressistas a deputado distrital. A maior parte dos 24 representantes da sigla na disputa nem sequer conseguiu ver a cor do dinheiropara financiarem suas campanhas. Só está conseguindo algum cascalho quem é amigo do rei, que, no caso, leva o nome de Ciro Nogueira, o todo poderoso chefão do partido.

Custódio Coimbra

Vacas gordas

Esse é o caso de Ana Cristina Valle, ex-mulher Bolsonaro. Ela já recebeu R$ 200 mil para a campanha de deputada distrital, ficando atrás apenas de Milena Câmara, presidente do PP Mulher, e Valdelino Barcelos, que concorre à reeleição (R$ 500 mil, cada). Todos têm também uma madrinha influente: Celina Leão, candidata a vice-governadora do DF.

Apoio de verde e amarelo

Formado por lideranças do agronegócio, o Movimento Brasil Verde e Amarelo está enchendo Brasília de outdoors em apoio ao presidente Bolsonaro. Se antes convocavam para o Sete de Setembro, agora os letreiros estimulam os cidadãos para votar no capitão. Alguns deles estampam o slogan “Deus, família, pátria e liberdade”, usualmente reverberado pelo mandatário em comícios.

Toma lá dá cá

Lasier Martins (Podemos-RS), senador e candidato à Câmara

De saída do Senado, o que mais o frustrou na Casa?
Não ter ido a plenário a PEC de minha autoria que muda o sistema de indicação de ministros do Supremo, para evitar que o tribunal siga a ser ideológico, e a indispensável Reforma Tributária.

O sr. era grande apoiador de Sergio Moro. Como vê os acenos dele a Bolsonaro?
O ex-juiz Sergio Moro cometeu vários erros na construção de sua candidatura. Agora, procura as conveniências eleitorais dele, com atitudes surpreendentes e contraditórias.

Qual posicionamento o sr. espera do Podemos em um eventual segundo turno?
Posso falar sobre o primeiro turno. A maioria votará em Bolsonaro e, alguns poucos, em Simone Tebet. Não soube de ninguém que apoie Lula.

Rápidas

* Irmão do presidente, Renato Bolsonaro deu uma carteirada para obter empréstimo vultoso na Caixa Econômica Federal para a cidade de Miracatu (SP), onde era chefe de gabinete do prefeito: entrou na CEF em novembro de 2021 e saiu com R$ 29,6 milhões para a prefeitura.

* Os candidatos ainda preferem fazer campanha à moda antiga. Investiram R$ 1 bilhão na produção de programas de TV e R$ 621,8 milhões em material impresso. No impulsionamento na internet, gastaram
R$ 112,8 milhões.

* Tarcísio de Freitas, candidato de Bolsonaro ao governo de SP, pisou na bola nesta reta final. Gravou vídeo de apoio a Fernando Collor, candidato a governador de Alagoas. Disse que era “um dos maiores políticos que já tivemos”.

* Cláudio Castro, candidato a governador do RJ, está enrolado. Em depoimento no MP, o ex-assessor do governador, Marcus Vinícius Azevedo da Silva, disse que ele recebeu propina de US$ 20 mil para passear na Flórida.