ROMA, 08 JUL (ANSA) – O papa emérito Bento XVI escreveu uma mensagem para o funeral de seu irmão mais velho, Georg Ratzinger, 96 anos, que acontece nesta quarta-feira (8), em Regensburg, na Alemanha.   

No texto, Joseph Ratzinger agradece a Deus por ter tido a oportunidade de visitar Georg para se despedir. “Ele não pediu uma visita minha, mas eu senti que era hora de voltar para ele.   

Sou profundamente grato por esse sinal interior que o Senhor me deu”, escreveu Bento XVI.   

O papa emérito esteve em Regensburg entre 18 e 22 de junho, em sua primeira viagem internacional desde a renúncia ao pontificado, em 2013, e Georg morreu no dia 1º de julho. “Quando lhe dei adeus, na segunda-feira 22 de junho, sabíamos que era um adeus para sempre neste mundo. Mas sabíamos também que o bom Deus, que nos doou essa união neste mundo, também reina no outro mundo e nos presenteará com um novo estar juntos”, disse Joseph Ratzinger.   

“Quero recordar, de um lado, sua serenidade, seu bom humor, sua alegria pelos bons dons da criação. Ao mesmo tempo, contudo, era um homem de palavras diretas e exprimia abertamente suas convicções”, acrescentou.   

O funeral de Georg começou na última terça (7) e termina nesta quarta.   

Trajetória – Nascido em Pleiskirchen, na Baviera, em 15 de janeiro de 1924, Georg foi ordenado como padre no mesmo dia que Joseph, em 29 de junho de 1951, mas seguiu uma trajetória diferente na Igreja.   

Enquanto o irmão mais novo se tornou um teólogo respeitado e subiu na hierarquia católica até chegar ao trono de Pedro, Georg era amante da música e dirigiu o coro da Catedral de Regensburg por 30 anos, entre 1964 e 1994. Após a renúncia de Bento XVI, o padre fez diversas visitas ao irmão no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, apesar dos problemas de saúde nas pernas e da cegueira.   

Georg também foi alistado nas Forças Armadas da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e chegou a lutar na Itália, onde acabou capturado pelos aliados já no fim do conflito.   

Em 2017, um relatório apresentado pelo advogado Ulrich Weber apontou que pelo menos 547 meninos foram vítimas de violência física e sexual por parte de padres e professores no coral da Catedral de Regensburg.   

Os crimes teriam ocorrido entre 1945 e 1992, compreendendo inclusive a gestão de Georg Ratzinger. No relatório, Weber acusa o irmão do papa emérito de ter “fingido que não via” os abusos, mas o padre sempre negou que soubesse. (ANSA)