A melhora nos indicadores de emprego medidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV) pode dar a impressão de que o desemprego vai parar de subir, mas na verdade significa apenas que o ritmo de piora deve parar de aumentar, alertou o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da instituição. Segundo ele, ainda é cedo para ter esperanças de melhora efetiva do quadro.

“O nível dos indicadores está muito fora do normal, isso sinaliza que a situação está ruim ainda”, disse. “Existe o risco grande de as coisas continuarem a piorar, mas essa piora não será mais tão intensa”, acrescentou.

O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) recuou 1,9% em abril ante março, enquanto o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) cresceu 3,7% no período. Quando o ICD cai, significa que a dificuldade para se inserir no mercado de trabalho diminuiu aos olhos dos consumidores. No caso do IAEmp, a alta é positiva e indica maior otimismo dos empresários.

No primeiro trimestre, a taxa de desemprego subiu a 10,9% em todo o País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. São mais de 11 milhões de desempregados – dois milhões que engrossaram a fila por uma vaga apenas na passagem do quarto trimestre de 2015 para o início deste ano.

O resultado do IAEmp e do ICD também é frágil porque é calcado nas expectativas de empresários e consumidores, que podem mudar conforme o rumo da política e da economia do País. “Além disso, o pessoal mais vulnerável (com renda mensal abaixo de R$ 2,1 mil) ainda não acha que está melhorando”, disse Barbosa Filho.