A piora nas expectativas dos empresários do setor de serviços indica o adiamento do processo de retomada da atividade econômica no País para 2017, avalia Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e responsável pela Sondagem de Serviços. A redução do índice de confiança, que caiu pelo segundo mês consecutivo, vem sendo puxada pela frustração das expectativas, que esfriaram após seis meses de avanço significativo.

“Não está claro ainda o início de uma estabilização na atividade econômica e muito menos o início do processo de reação, que será gradual mas vem sendo postergado”, diz Sales.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) recuou 1,4 ponto na passagem de outubro para novembro, para 77,5 pontos, na série com ajuste sazonal. O Índice de Situação Atual (ISA-S) caiu 0,6 ponto em novembro, para 70,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-S) diminuiu 2,2 pontos, para 84,5 pontos. O descolamento entre as expectativas e a avaliação do momento presente está diminuindo, mas por conta do ajuste para baixo da percepção dos empresários do setor sobre o futuro.

Sales lembra que o fundo do poço da confiança do setor de serviços foi registrado em setembro do ano passado, quando atingiu 66,4 pontos. A chegada do novo governo deu novo ânimo às expectativas e ao ICS. No entanto, o otimismo não se traduziu em estatísticas econômicas favoráveis até aqui. Para Sales, a percepção de futuro está ficando mais realista frente aos indicadores conjunturais. “A consequência disso para as estatísticas do lado real da economia é que tudo indica que o processo de encolhimento da atividade econômica deve prosseguir”, afirma.

O economista avalia que ainda é cedo para avaliar os efeitos da nova crise política detonada pelas denúncias do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, sobre a confiança. Ele destaca, porém, que a expressiva recuperação das expectativas até setembro veio justamente da percepção de um melhor encaminhamento da questão política no País, com consequências no campo econômico. “Isso vem andando de lado”, diz