A indústria de transformação brasileira mostrou melhora nas exportações em outubro, puxada por um aumento nas vendas de açúcar, aeronaves e automóveis. Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

De janeiro a outubro, o volume exportado pela agropecuária cresceu 13,1% em relação ao mesmo período de 2019. A indústria extrativa teve um avanço de 0,8%, enquanto a indústria de transformação acumula uma queda de 5,6%. No entanto, na comparação do mês de outubro de 2020 ante o mês de outubro de 2019, o volume exportado pela agropecuária caiu 26,4% e o da indústria extrativa encolheu 8,4%. A perda da indústria de transformação foi menor, de -0,7%.

Em outubro, a indústria de transformação aumentou em 20,2% o volume exportado de bens de consumo duráveis em relação ao mesmo mês de 2019. O movimento foi impulsionado por uma recuperação nas vendas da indústria automobilística brasileira para a Argentina.

O volume de bens de capital exportados avançou 3,9% em outubro de 2020 ante outubro de 2019; o de bens de consumo não duráveis cresceu 26,7%; o de bens de consumo semiduráveis caiu 8,9%; e o de bens intermediários encolheu 11,5%.

Quanto às importações, o volume importado de bens de capital caiu 29,8% em outubro de 2020 em relação a outubro de 2019; o de bens de consumo duráveis diminuiu 14,3%; o de bens de consumo não duráveis aumentou 8,6%; o de bens semiduráveis recuou 32,1%; e o de bens intermediários encolheu 22,3%.

Segundo a FGV, os dados de importações de máquinas e equipamentos e de insumos para a indústria ainda não sinalizam expectativas favoráveis para o setor.

“A dúvida que pode ser levantada é se, com o câmbio desvalorizado, as compras se voltam para o mercado doméstico, o que explicaria as notícias veiculadas na imprensa sobre falta de insumos/peças para os setores industriais. Nesse cenário, rebaixar alíquotas de importações para insumos considerados essenciais seria uma possível resposta”, ressaltou a FGV, em nota oficial.

A FGV lembra que dados divulgados sobre indicadores de atividade, como o do Banco Central, apontam uma melhora da indústria no terceiro trimestre, mas a compra externa de bens intermediários pela indústria de transformação caiu 22,8% em outubro de 2020 ante outubro de 2019. A compra de máquinas e equipamentos pela indústria de transformação recuou 31,2% no mesmo período.

“A desvalorização real da taxa de câmbio efetiva que foi de 35% entre janeiro e outubro de 2020 indica que os setores devem estar privilegiando os fornecedores domésticos”, aponta o relatório da FGV.

No mês de outubro, o superávit da balança comercial brasileira alcançou US$ 5,5 bilhões, como consequência de um recuo maior nas importações do que nas exportações. O volume importado encolheu 20,4% em outubro de 2020 em relação ao mesmo mês de 2019, enquanto o volume exportado caiu 7,1%.

De janeiro a outubro, o saldo da balança comercial está positivo em US$ 47,4 bilhões. Em outubro, houve redução no volume exportado pelo Brasil para todos os mercados apurados, exceto para a Argentina. O volume exportado para o país vizinho cresceu 20,9% em relação a outubro de 2019. As exportações para a China encolheram 13,5%, devido a uma redução sazonal nos embarques de soja nos meses finais do ano. Já o volume exportado para os Estados Unidos diminuiu 14,0%.

De janeiro a outubro, o volume exportado pelo Brasil cresceu 23,8% para a China, e avançou 10,8% para os demais países da Ásia (exceto China e Oriente Médio). As exportações para os outros países compradores acumularam perdas.