Quando tudo começou, ainda em 2016, nem os mais otimistas projetariam um evento que receberia mais de 60 mil apaixonados por música eletrônica. A Só Track Boa viveu, no último final de semana, seu episódio mais impactante. A edição de 2023 será para sempre lembrada como a maior de todos os tempos, nos mais diversos aspectos – ao menos por enquanto.

São Paulo, 26 de maio, é a data que deu início a um capítulo inédito na história da música eletrônica no Brasil. Quando abriu seus portões, pouco antes de 16h, a STB começou a escrever o capítulo mais significativo. Dois palcos, dois dias, mais de 40 artistas, e o maior público de todos os tempos. A ideia era ousada, o projeto era muito além dos anteriores, e o desafio, também.

Com mais de 4 mil pessoas envolvidas diretamente no processo, o festival chegou à edição 2023 com um palco inédito, criado ao longo do período pandêmico, na Holanda, pensado para ser o maior e mais impactante já apresentado pela marca – fato consumado com uma estrutura que lembra prédios aglomerados sob luzes led, projeções tridimensionais e dimensões gigantescas.

Próximo à pintura de Ayrton Senna, no Autódromo José Carlos Pace, o segundo palco, já consagrado com o nome de “Garden”, perdeu a cobertura – que foi habitue em 2022, para estender o seu espaço e abrigar mais fãs, ideia fundamental, já que o espaço ficou tomado por fãs, compondo um visual comovente entre luzes, o lago, as plantas que decoravam o stage, além o telão de LED, que ajudava a iluminar todo a plateia, disposta como um grande anfiteatro romano.

Como uma novidade para 2023, a Só Track Boa ofereceu uma nova e extensa área VIP, disponível nos dois palcos, com amenidades, ativações, área de descanso, alimentação, além de vistas privilegiadas para DJs e pista. Havia, também, a região de Backstage, dedicada à família, amigos e convidados dos protagonistas da noite, suas companhias enquanto tocavam, numa configuração amistosa e cativante.

Nas pistas, viu-se uma entrega de corpo, alma e emoção. Apaixonados, os fãs consumaram o reconhecido clima de família que existe na Só Track Boa. Reencontros, encontros, amizades e paixões que o festival sediou e segue cultivando. Abrindo os trabalhos, na sexta, Vintage Culture e Meca, lembrando os tempos de Baião Elétrico, deram início no palco Garden, para quem conseguiu vencer o trânsito e chegar cedo ao Autódromo.

No palco principal, a noite foi dominada por talentos nacionais, dos mais tradicionais e conhecidos aos promissores e jovens, culminando com Vintage tocando com Korolova em um b2b inédito, no projeto paralelo de Dubdogz, o Ruback, e o tradicional set de Lukas Ruiz com a queima de fogos sempre tão aguarda (e filmada) pelos fãs. De quebra, um show de drones tomou conta do céu enquanto exibia frases e imagens que remetem à história do festival. Com o sol raiando, passadas as 8 horas da manhã, o primeiro dia foi encerrado com o sorriso inesgotável dos presentes.

As 16 horas de música não passaram sequer perto de satisfazer a comunidade da Só Track Boa, que não tardou a retornar no sábado, logo que o relógio apontou quatro da tarde. Muito em razão do final de semana, os palcos se encheram mais rapidamente, chegando a, pelo menos, 70% de sua capacidade já no início de noite, quando Maz e Antdot fizeram um set a ser lembrado por muito tempo. A noite ainda reservava enormes emoções.

Enquanto o Mainstage recebeu estrelas mundiais do Melódico, como Fideles, Yotto, Joris Voorn e Artbat, o palco Garden fez história com brasileiros e uma “meia brasileira”, que é Ashibah. Victor Lou, Bhaskar e Mochakk tocaram para uma plateia que não tinha final, se estendendo para além das barreiras, formando um visual muito impactante, além de um coral de gritos, cantos e pulos que emocionou qualquer sujeito vivo.

A noite acabou da forma mais tradicional possível, no Morning Set de Vintage Culture, abastecido com uma ostensiva queima de fogos – que também foi vista nos outros set – e uma pista que se recusava a ir embora. Inimigos do Fim, como são chamados, os Vintage Culturistas e toda comunidade Só Track Boa viveram a maior edição da história até que não restasse um mísero segundo.

A Só Track Boa São Paulo se consagra com a maior de todos os tempos, o maior evento nacional de música eletrônica, um dos festivais com maior público, com estrutura inédita, line-up que venceu a marca de 40 artistas, incontáveis gerações de emprego, oportunidade e vagas, além de ser uma edição com absoluta e incontestável aceitação pública. Agora, a marca vai a Belo Horizonte no próximo dia 4, e retorna a São Paulo em 2024.