Michel Hazanavicius queria que seu Final Cut (que pode ser traduzido como Corte Final), o filme que abriu o 75º Festival de Cannes na noite desta terça, 17, fosse vaiado, segundo entrevista dada pelo diretor à revista Variety. Isso porque os primeiros 20 minutos do longa, baseado em Plano-Sequência dos Mortos (2017), de Shinichiro Ueda, são um horror – de propósito.

Final Cut fala de Rémi (Romain Duris), um cineasta não muito bem-sucedido, que dirige um filme de zumbi amador. Mas depois é revelada a trama por trás dessa trama e o porquê dessa produção ser tão ruim.

As vaias que Hazanavicius queria ver revertidas em surpresa não vieram, pelo menos não na sessão de imprensa principal, na sala Debussy. E uma parte considerável do público achou bastante graça no humor escatológico.

Bem que Rémi gostaria de ser como Quentin Tarantino, o cineasta celebrado por sua filha em uma camiseta. E o mesmo pode ser dito sobre o próprio Michel Hazanavicius (de O Artista, vencedor de cinco Oscars). Em sua comédia, Final Cut homenageia não apenas o cinema, mas o fazer cinema: mesmo que tudo saia errado e o resultado seja pífio, a união de pessoas cheias de problemas para criar um filme sempre vale a pena.

Por esse ângulo, dá para entender a escolha como filme de abertura, quando o cinema tenta sobreviver. A verdade, porém, é que Michel Hazanavicius não é Quentin Tarantino.

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