Cristãos do mundo inteiro se preparam para celebrar a Páscoa de uma maneira sem precedentes, como os judeus e a Pessach, devido ao confinamento que os priva de igrejas, templos e sinagogas.
– Pessach –
Para a Páscoa judaica, que começa na quarta-feira à noite (e termina em 16 de abril), as famílias são convidadas a ser reunirem apenas em casa.
É para “se proteger”, explica em Nova York à AFP Yigel Niasoff, que ficará em sua casa no Brooklyn com sua esposa e filhos, mas sem sua mãe, ou os sogros.
“Pessach confinado, Pessach seguro”, diz o rabino francês Haim Korsia.
Ele questiona, porém: “É possível ignorar a regra geral de não usar eletricidade? Um aplicativo de videoconferência pode ser usado excepcionalmente, pelo menos durante o jantar?”.
Em Jerusalém, 14 rabinos emitiram uma opinião favorável, argumentando que se trata de estar em contato com os “anciãos”. Já o rabino-chefe de Israel se opõe, defendendo que não se pode “profanar um feriado”.
Na França, onde vive a maior comunidade judaica da Europa, Haim Korsia concorda que “a regra não pode ser revogada”.
– Páscoa católica e protestante –
A Semana Santa que acaba de começar e continua com o “Tríduo Pascal” (Quinta-feira Santa, Sexta-feira da Paixão e Domingo de Páscoa) também é muito especial.
Em muitas dioceses ao redor do mundo, os ofícios serão realizados a portas fechadas. Este será o caso no Vaticano, onde o papa Francisco celebrou a Missa de Ramos na Basílica de São Pedro, deserta.
Todas as celebrações litúrgicas serão realizadas sem os fiéis, incluindo as bênçãos Urbi e Orbi na Praça de São Pedro no domingo.
Em Iztapalapa, leste do México, a procissão muito popular da representação da Paixão de Cristo ocorrerá sem público.
Canais de televisão e a Internet servirão de suporte para acompanhar os ofícios. A missa pronunciada pelo arcebispo de Sevilha (sul da Espanha) poderá ser vista por 120.000 pessoas, segundo autoridades religiosas.
O Patriarcado Latino de Jerusalém pediu aos fiéis que orassem em casa, conectados às redes.
A “Páscoa em privacidade” também será observada no Marrocos, com missas no Facebook.
No culto protestante, propostas para leituras bíblicas, meditações e cultos são regularmente divulgadas.
A Igreja Anglicana da África do Sul fez recomendações em um manual de instruções, incluindo “identificar um lugar para orar” e comer “peixe marinado na sexta-feira”.
Também na África do Sul, a igreja cristã de Sião (evangélica) adiou sua peregrinação anual à província de Limpopo, a maior reunião de cristãos da África Austral.
– Semana Santa ortodoxa –
Respeitando o calendário juliano, esta festa ocorrerá em 19 de abril. Também neste caso, os serviços serão realizados em igrejas fechadas e serão transmitidos por vários meios de comunicação, decidiu o patriarcado greco-ortodoxo de Antioquia.
O mesmo acontecerá na Grécia, onde o governo teme que as pessoas nas áreas rurais e nas ilhas não respeitem as restrições.
“Certamente celebraremos a Páscoa, embora não seja possível ir à igreja”, disse na Rússia o metropolita Ilarion, um dignitário religioso.
Na Grécia, na Síria e no Líbano, se as circunstâncias permitirem, as autoridades religiosas esperam poder reunir os fiéis nas igrejas em 27 de maio, dia que marca o fim da Páscoa.