Uma festa com bebida alcoólica, música alta em carros de som e até rachas de moto foi feita em uma praça no interior da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) na madrugada de domingo, 8. Vizinhos reclamam que o evento aconteceu até por volta das 6h e que há relatos de assaltos e pessoas feridas. A Polícia Militar foi acionada mas, segundo os moradores, não foi até o local.

Fotos do evento foram divulgadas nas redes sociais entre domingo e esta segunda-feira, 9, e provocaram reclamações de vizinhos. Ainda não se sabe quem organizou a festa. Desde 2014 essas aglomerações, sem autorização do Conselho Universitário, estão proibidas na Unicamp por causa de uma decisão judicial. Em 2013, um estudante foi morto em um desses eventos.

A professora Carmen Silvia Bertuzzo, da Faculdade de Ciências Médicas e que mora perto da universidade há 23 anos, diz que já havia um aglomerado de jovens por volta das 20h do sábado na Praça da Paz, onde começou o evento. Um segurança disse a ela que haveria uma festa ali, mas que policiais afugentaram os jovens. Mesmo assim, o evento aconteceu.

“A minha rua e travessas estavam lotadas de carro. Moro a dois quarteirões da praça e se ouvia música assim mesmo. A gente esperava que logo acabasse e pronto, mas por volta das 4 horas da manhã começou uma brigaria, barulho de pneu de carro”, conta. A professora disse que foi à praça e viu que havia “motos empinando” e “carros passando a toda velocidade”. De acordo com ela, a polícia foi acionada, mas teria afirmado que não poderia agir por se tratar de área da Unicamp.

A professora publicou sua indignação em um grupo da Unicamp, no Facebook. Estudantes que comentaram a publicação dizem que a iniciativa é de gente de fora da comunidade da Unicamp, já que a maioria dos alunos está de férias.

O fotógrafo Antonio Carlos Rodrigues, de 63 anos, diz que o dia foi “bem atípico”, mesmo em comparação a outras festas que estudantes fazem nas repúblicas próximas da universidade. “Encheu de carros, fazendo exibição de motos, arrancada, estava uma loucura”, disse. De acordo com ele, as pessoas que estavam na festa pareciam adolescentes. “Acho que não eram estudantes, até porque estamos em período de férias, mas sim jovens que se reuniram pelas redes sociais”, disse.

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A Unicamp, em nota, diz que está apurando o caso e que não foi informada do evento e que, mesmo que houvesse pedido de autorização, não poderia atendê-lo, já que existe regulamentação aprovada pelo Conselho Universitário (Consu) proibindo a promoção deste tipo de atividade no câmpus. “Vale ressaltar que os estudantes da universidade estão em período de férias, sendo que a maioria está fora de Campinas. Tudo indica que o referido evento foi organizado por pessoas que não integram a comunidade universitária.”

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública não se manifestou até as 17h30.

Proibição

A decisão que proíbe festas na Unicamp resulta de uma ação civil pública ajuizada em 2010 pelo Ministério Público Estadual (MPE), com base em eventos da época, caracterizados pelo “uso irregular do solo urbano, poluição sonora e incômodos aos moradores da região”. A multa por não obedecer à determinação é de R$ 50 mil por caso.

Em 2013, o aluno Denis Papa Casagrande, de 21 anos, foi assassinado durante uma festa clandestina no câmpus da Unicamp, na madrugada do dia 21 de setembro, na frente do Ciclo Básico. O jovem morreu após receber uma facada no peito e golpes de skate. Duas pessoas foram responsabilizados pelo crime e tiveram a prisão temporária decretada em 2013.


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