Festa junina na escola: o que fazer quando a criança não se sente segura e à vontade para dançar?

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Está se aproximando o mês de junho e com ele a festinha junina anual promovida pela escola. Alguns pais já começam a se perguntar como será a reação do filho, se vai dançar ou se na hora da apresentação, ao olhar aquela plateia vai travar.

Não tem jeito, escolher a roupinha, arrumar o cabelo, fazer pintinhas ou bigode na Festa Junina são lembranças que fazem parte da vida de muita gente que deseja repetir tudo isso, mas agora no papel do adulto. Aí é que está o problema: essa é uma expectativa dos pais, que não necessariamente vai ser correspondida pela criança. O que fazer, então, se ela bater os pezinhos e disser que não quer dançar?

Junia Duarte, mãe do Bernardo, de 4 anos, conta que o filho gosta dos preparativos da festa, participa dos ensaios e decora as músicas, mas no dia da apresentação ele trava.

“Ele chora e não se apresenta com os amiguinhos de jeito nenhum. Procuro acalma-lo, não obrigo e explico que está tudo bem em não querer participar. Percebo que ele fica tímido e com vergonha, já que quando termina a festa e vamos para casa, ele acaba dançando pra família. Na hora da apresentação, só quer ficar no colo, choraminga um pouco, mas recebe acolhimento necessário”, conta.

Priscilla Montes, educadora parental certificada pela Positive Discipline Association (PDA) e pós-graduanda em Neurociência e Desenvolvimento Infantil pela PUC-RS, pontua que no primeiro momento é necessário acolher e procurar entender os motivos, notar algum sinal de alerta e já ir conversando bastante com essa criança, procurando sempre deixá-la à vontade para que pais e filhos possam curtir as festas juninas, sendo um momento prazeroso todos.

Vamos às dicas:

Acolher e procurar entender os motivos

Podem acontecer duas situações diferentes: a criança se recusar a participar da dança desde os ensaios ou “travar” na hora de subir no palco. Em geral, o segundo caso acontece mais com os pequenos e é comum, já que eles se veem em uma circunstância nova e ficam assustados. Já o primeiro cenário pede a atenção de pais e professores para avaliar se há algo a mais se passando com a criança.

“É um tema muito recorrente e que deve ser sempre abordado, conversado. Algumas crianças conseguem expor os sentimentos e falam que não se sentem confortáveis. Isso é maravilhoso e os pais precisam validar o que está sendo exposto e colocado pela criança. É um ponto super positivo e os pais só precisam acolher, entender”, alerta Priscilla Montes.

Os ensaios são momentos de descontração e conversar com a criança diariamente ajuda, faz uma diferença e dá um incentivo a mais para o grande dia da apresentação.

Sinal de alerta

Se os pais notarem esse tipo de recusa de forma intensa, vale uma conversa na escola para procurar entender se há situações relacionadas a bullying ou se o pequeno demonstra dificuldades de interação social – e aí, certamente, a recusa da dança será apenas um fator entre outros já observados pelos professores. Nesse caso, isso pode servir como alerta de que é interessante buscar acompanhamento psicológico em um trabalho aliado aos profissionais do próprio colégio.

“É importante verificar se é uma questão pessoal da criança ou se está com vergonha por conta de alguma fala de um amiguinho. Precisa ser avaliado com muito cuidado, tendo uma ajuda da escola”, explica a educadora parental.

Meu filho não quer subir no palco. E agora?

Não importa se é a primeira vez ou se a criança já está no fim do Ensino Fundamental I – pais, tios e avós babões criam expectativas e amam registrar cada passinho dos pequenos. Mas é fundamental que essa expectativa não se torne um peso para a criança.

“Não é um bicho de sete cabeças. Essa criança precisa ser ouvida e o adulto precisa aprender lidar com essa frustração e respeitar. Você pode dar algumas alternativas para tentar entender o motivo pelo qual ela não quer dançar, perguntar sobre a roupa, sapato, talvez não tenha gostado da música. Enfim, entender sempre acolhendo e oferecer escuta e palavras de carinho. Isso vai acalmar o seu coração e o da criança também”, ressalta Priscilla Montes.