05/07/2022 - 15:38
A soldado Rhaillayne Oliveira de Mello, de 30 anos, do 7° Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo), foi presa no sábado (2) após matar a irmã Rhayna Oliveira de Mello, 23, com um tiro no peito durante uma discussão em um posto de gasolina, localizado em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O caso ocorreu após uma série de eventos conturbados que marcaram o dia da agente. As informações são do Uol.
Segundo os depoimentos prestados pela soldado e pelo seu marido, Leonardo de Paiva Barbosa, que também é policial militar, Rhaillayne saiu na noite de sexta-feira 1° para uma festa de família na casa de uma tia. No imóvel, estava a mãe da agente, Rhayna e uma outra irmã que está grávida.
Em um determinado momento, a policial militar, a mãe e a irmã grávida resolveram ir embora da festa e chamaram um carro por meio do aplicativo Uber. Dentro do automóvel, a soldado começou a agir de uma maneira desagradável com o motorista por considerá-lo “suspeito”. Por esse motivo, a mãe e a irmã advertiram Rhaillayne.
Então, ainda segundo os depoimentos, a policial começou a agredir a própria mãe e a irmã grávida, que ficou com marcas de arranhões pelo corpo. Rhayna, que estava em um bar acompanhada de um amigo, recebeu mensagens e fotografias da outra irmã relatando as agressões sofridas.
Beber em bar sozinha
Após o desentendimento com a mãe e a irmã, Rhaillayne foi até a sua casa e pegou uma arma. O marido, que estava dormindo, não conseguiu identificar, a princípio, do que se tratava.
Depois, Rhaillayne sentou sozinha no bar Nando’s e consumiu bebidas alcoólicas. A mãe da policial ligou para o genro e relatou o que havia ocorrido dentro do carro de aplicativo. Ela também frisou que a filha aparentava estar muito nervosa. Após esse relato, Leonardo procurou pela arma da esposa e não a encontrou. Às 4h, a irmã grávida da soldado também ligou para o cunhado e disse que estava preocupada.
Imediatamente, Leonardo ligou para o pai da esposa e pediu para que ele fosse averiguar o que estava acontecendo. Mas o homem disse que preferia não ir ao encontro da filha, porque “sua presença poderia piorar a situação”.
Por volta das 4h45, Rhayna entrou em contato com Leonardo e informou a localização da irmã. Quando chegou ao Nando’s, ele encontrou a esposa sozinha e ela aparentava estar calma, segundo o seu depoimento. Leonardo pediu para que ela voltasse para a casa, mas a policial se recusou.
Diante disso, ele foi para a residência da sogra e ficou lá por cerca de uma hora. Depois, foi embora. Às 6h, Rhayna informou ao cunhado que estava em um local próximo ao bar Nando’s, mas manteria distância para evitar confusão com a irmã.
Conforme o depoimento do amigo de Rhayna, a policial militar mandou mensagem para a irmã e pediu que ela fosse até o bar Nando’s para encontrá-la. No estabelecimento, as duas conversaram, beberam e dançaram juntas.
Ainda no bar, Rhaillayne teria tentado intimidar o amigo da irmã ao dizer que “era policial”. Quando o estabelecimento fechou, a soldado quis retornar para usar o banheiro, mas foi impedida pelo dono. Nesse momento, ela efetuou disparos para o alto.
Após esse comportamento da irmã, Rhayna ligou para Leonardo e informou o que havia acontecido. Ela ressaltou que a policial estava “transtornada e alcoolizada” em um posto de gasolina.
Quando Leonardo chegou ao local, segundo o seu depoimento, encontrou a esposa “com claros sinais de embriaguez, e continuava a fazer uso de bebida alcoólica”. Nesse momento, Rhaillayne começou a discutir com Rhayna e as duas entraram em confronto físico. Ele e o amigo de Rhayna conseguiram apartar a situação.
Depois, a policial sacou a sua arma e começou a efetuar disparos. O marido pediu para que ela parasse, mas não se aproximou com receio de ser atingido.
Quando Rhaillayne interrompeu os tiros, a sua irmã se aproximou e as duas recomeçaram a briga. Foi então que a policial atirou contra o peito de Rhayna. Leonardo informou que a jovem caiu no chão aparentemente sem vida e, por isso, deu voz de prisão à esposa. Na sequência, a conduziu para a 73ª Delegacia de Polícia (Neves).
Perito fala em “psicose”
Em depoimento, Rhaillayne admitiu que atirou contra a própria irmã e que tentou socorrê-la. Ela também ressaltou que se lembra apenas de flashes do que aconteceu.
Ao passar por exame de corpo de delito, a polícia afirmou que se manchou com as algemas ao batê-las na própria testa e que arrancou uma das unhas.
O perito Celso Eduardo Jandre Boechat atestou que Rhaillayne apresentou “comportamento sugerindo psicose ou estado pós-traumático” e “apática com os fatos relatados”. Ele também confirmou as lesões no corpo da policial.
Prisão preventiva
No domingo (3), a policial passou por audiência de custódia que converteu o flagrante em prisão preventiva.
Na ação, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que representa a policial militar, chegou a pedir a concessão da liberdade provisória, o que foi negado pelo juiz. “Neste prisma, tudo indica que o restabelecimento da liberdade da custodiada gera ofensa à ordem pública, assim considerando o sentimento de segurança, prometido constitucionalmente, como garantia dos demais direitos dos cidadãos”, declarou o magistrado.
O Uol tentou contato com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, mas não obteve retorno até o momento.