Parece que foi ontem, mas lá se vão mais de 10 anos desde que Ferrugem, 35 anos, chamou atenção do cantor Reinaldo, o Príncipe do Pagode, enquanto tocava nos bares da Lapa, zona boêmia na área central da cidade do Rio de Janeiro, encantando o veterano com sua música seu jeito de se apresentar. Ali se dava o início da carreira do pagodeiro como profissional e uma jornada de sucesso que conquistou o Brasil.

O Príncipe se foi no final de 2019, aos 65 anos, mas deixou seu legado na música e uma semente que brotava e que logo despontou no cenário nacional. Reconhecedor do pontapé mais que especial que recebeu na carreira, Ferrugem resolveu comemorar uma década de pagode homenageando aquele que foi o responsável por seu sucesso.

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Para celebrar 10 anos de pagode, o artista lança seu novo álbum “Legado do Príncipe: Ferrugem canta Reinaldo (Ao Vivo)”, com regravações do Príncipe do Pagode.

“Tio Reinaldo – como me refiro na máxima intimidade – que olhou para mim com todo carinho. Ele foi jantar na Lapa, me viu, já me convidou para participar de um pagode toda sexta-feira. Cantei com ele e ele me convidou no palco. Isso mudou a minha vida”, relembra o artista, em bate-papo para o site IstoÉ Gente.

“Como estou no ano comemorativo, resolvi gravar essa homenagem a quem me ajudou a conhecer o empresário e a construir a  minha carreira. Quem é pagodeiro e está com saudade, vai poder matar essa saudade”, disse ele, feliz com o resultado do novo projeto.

O disco chegou às plataformas na última quinta-feira, 17, com audiovisual disponibilizado um dias depois.

Para tornar o projeto ainda mais memorável, o disco foi gravado no bar Templo, na zona oeste de São Paulo, onde o Príncipe realizava suas tradicionais rodas de samba. Conhecido como um dos embaixadores do samba carioca nas rodas de São Paulo, o músico marcou a vida de muitos pagodeiros com seus clássicos como “Agora Viu Que Me Perdeu e Chora”, “Brilho no olhar” “Problema Emocional” e “Pra Ser Minha Musa”, músicas contempladas no “Legado do Príncipe”. 

O setlist do álbum é composto por clássicos da história do sambista, contemplando 16 músicas ao todo. Para dar um toque ainda mais especial, Ferrugem escolheu a música “Infância”, parceria do cantor com Reinaldo, gravada em 2013, finalizando o álbum.

Ferrugem comemora 10 anos de carreira com homenagem a uma de suas maiores inspirações no pagode
Ferrugem. Imagem/Divulgação.

Um estranho no ninho

A raça se apresenta apenas como um detalhe para Ferrugem – que, como o apelido já diz, é ruivo -, que faz sucesso com um ritmo originado em comunidades negras. 

“Sou o Eminem do pagode”, brinca o artista, fazendo alusão ao rapper americano, que surpreendeu o mundo da música por ser branco fazendo música negra.

Estranho no ninho, mas nem tanto assim. Vale lembrar que o cantor Belo também se destacou no pagode, mostrando que a raça está mais no amor do que na pele.

Ferrugem explica que o pagode faz parte de sua vida desde criança e que ainda muito jovem já sabia o caminho que iria trilhar na vida. O menino de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro despertou o interesse pela arte e, com a ajuda da família, começou a desenvolver seu talento.

“Sempre presenciei o pagode desde pequeno. Quando surgiu interesse aos 11 anos de idade, através de um grupo de pagode numa festa, eu decidi que seria aquilo que eu faria para a minha vida. Lembro que comprei Soweto, Katinguelê, Péricles, e o suprasumo do pagode que é o Fundo de Quintal, viciei dali para frente”, elenca ele, citando suas primeiras inspirações.

Pagode no palco do Rock in Rio

Outra conquista da qual Ferrugem se orgulha é de poder levar o som do pagode a esperas ainda não experimentadas. Na edição de 2022 do Rock in Rio, o cantor se apresentou e foi embaixador do palco Favela, um espaço dedicado a bandas e sons comuns a comunidades, proporcionando um festival mais diverso. Mas, o artista queria mais. Neste ano de 2024, a apresentação foi no Sunset. 

“Eles me escolheram para furar essa bolha. No Favela, eu estava tranquilo, estava no meu ambiente, é o meu ambiente, meu jeito de pensar. E fui bem recebido. O Sunset foi uma ‘furada de bolha’. O pagode já deveria estar no RIR, em outros festivais. esse ano foi muito emblemático”, comemorou o pagodeiro.

“E não fui só eu. Teve Diogo Nogueira, Belo, Xande de Pilares. Eu acho que a próxima edição será ainda maior. Colocou uma sementinha bacana”, aposta Ferrugem.