Roberto Cavalli apresentou neste sábado (22) uma coleção inspirada nos desertos do norte da África, enquanto Salvatore Ferragamo permaneceu no chique e no clássico e Missoni no romântico, no quarto dia da Semana de Moda de Milão.

Liderado pelo inglês Paul Surridge, Roberto Cavalli desfilou sob um calor liquefeito, quase de acordo com seu tema.

“Fiz recentemente uma viagem com minha equipe ao Marrocos, depois da qual quis misturar a tradição da ornamentação, um elemento importante do vocabulário da casa Cavalli, com as dos artesãos marroquinos”, explicou à AFP o estilista nos bastidores do desfile.

De fato, lantejoulas marroquinas foram aplicadas aos acabamentos dos vestidos, jaquetas, shorts e bordados refinados para a noite. Drapeados envolvendo os corpos em vestidos curtos ou longos e até nos sapatos.

Looks mais atléticos pontuam o desfile aqui e ali. O tema animal, caro a Roberto Cavalli, está sempre presente, mas atenuado, às vezes quase tom sobre tom ou, ao contrário, realçado com cor.

Mais sóbrio, Salvatore Ferragamo recebeu seus convidados na sede da Bolsa de Valores de Milão, onde as ações de Ferragamo subiram na sexta-feira após a negação dos rumores da venda da marca.

A famosa maison criada em Florença em 1928, que vestiu Marylin Monroe, Greta Garbo e Audrey Hepburn, tornou-se uma aposta certa para o prêt-à-porter italiano.

E seus estilistas Paul Andrew e Guillaume Meilland não escondem o fato de recorrer aos arquivos da casa, rica em mais de 15.000 sapatos, para conceber suas coleções.

O desfile pode ser visto da cabeça aos pés com sandálias de plataforma inspiradas em sandálias japonesas, saltos esculturais, alguns dos quais influenciados pelos sapatos de couro trançados de Brancusi.

As formas das vestes e calças se inspiram no mundo da roupa de trabalho e contrastam com o luxo dos materiais: cetim, couro precioso, organza e linho.

Cores vivas – esmeralda, azul caribenho, púrpura, laranja queimado e vermelho extravagante – pontuam uma paleta neutra de biscoito, cáqui, pergaminho e branco-sujo.

E em um mundo onde a juventude é de rigor, os modelos, homens e mulheres, às vezes usam cabelos grisalhos.

Uma idade respeitável, é também a da maison Missoni, que celebra neste sábado à noite seus 65 anos em espaços hiper futuristas do centro de congressos.

E a recente entrada em seu capital de um fundo de investimento italiano no valor de 70 milhões de euros ajudou a consolidar o desenvolvimento da marca, deixando a família no controle.

Para transmitir esta mensagem, as três gerações subiram ao palco no final do desfile.

Sobre a música fervorosamente executada por Michael Nyman em seu piano de cauda, Missoni revelou uma coleção suave e romântica.

Malha em todas as suas formas, em calças, vestidos, tops, coletes com comprimentos exagerados.

“Tudo parece muito simples, mas o trabalho de tricotar é na verdade muito complexo”, comentou Angela Missoni.

A malha é às vezes quadrada, losango, chevron, apertada ou ao contrário larga. E o resultado é leve e transparente. As cores pastel branco, creme, azul, verde, rosa dão ao todo uma harmonia suave.