Uma das futuras estações da linha 2-verde do Metrô de São Paulo não receberá mais o nome de Paulo Freire. A medida foi anunciada pela empresa de transporte, que é comandada pelo governo do estado. De acordo com o divulgado pelo Metrô, a decisão foi tomada em conjunto em janeiro deste ano após Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumir como governador.

Ainda segundo o Metrô, a mudança ocorreu depois que uma pesquisa de opinião foi feita com moradores de regiões próximas da futura estação, a qual foi finalizada no final de 2022. O nome de Fernão Dias teria ficado no topo com 57%, seguido de Paulo Freire 29% e Parque Novo Mundo com 14%.

“O nome Paulo Freire era apenas provisório para a criação de referências nos projetos, até a confirmação pelas pesquisas”, diz o Metrô, em nota.

Fernão Dias Paes Leme (Imagem: Acervo Museu Paulista/ USP)

Quem foi Fernão Dias?

Ao lado de Antônio Raposo Tavares, que também dá nome a importante via rodoviária, Fernão Dias Pais Leme (1608-1681) é considerado um dos bandeirantes mais conhecidos da história do Brasil, o qual explorou boa parte das terras que mais tarde seria a capitania de Minas Gerais. Natural de São Paulo do Piratininga (atual São Paulo), Dias também foi um dos homens mais ricos de São Paulo em sua época, figurou como dono de fazendas e escravagista de negros e indígenas.

Recentemente, figuras do Brasil colonial têm recebido uma mudança na forma como suas trajetórias são vistas. Entre eles, os bandeirantes, que foram descritos ao longo da história como ampliadores dos limites territoriais, fundadores de vilas e exploradores de pedras preciosas, também ficaram conhecidos por serem escravagistas.

Ao longo de sua trajetória, Fernão Dias acumulou episódios de conquistas, mas quase sempre como o uso de mão de obra escrava, como em 1641 quando o bandeirante usou índios para guerrear e expulsar holandeses da costa de Santos, no litoral paulista.

Pintura colonizadores da cidade de São Paulo exposta na Câmara Municipal (Foto: Gute Garbelotto/CMSP)“Caçador de esmeraldas”

Pouca gente sabe, mas Fernão Dias também foi vereador de São Paulo e responsável por construir o Mosteiro de São Bento, localizado na Zona Central da capital paulista. Porém, o nome que ficou atrelado ao bandeirante foi o de “caçador de esmeraldas”, o que levou o explorador a ruína e consequente a morte.

A jornada trágica em busca de pedras preciosas acabou com um engano apresentado pelo filho do bandeirante na Câmara Municipal de São Paulo em 1681. Garcia Rodrigues Paes afirmou ter consigo 47 esmeraldas e as apresentou aos vereadores. Entretanto, as pedras não passavam de turmalinas. Dias havia morrido meses antes do episódio em Rio das Velhas (MG), com o delírio de ter encontrado as sonhadas esmeraldas.

Pintura: “Morte de Fernão Dias Pais Leme” (1920), de Antônio Parreiras (Reprodução)

Como homenagem, o bandeirante dá nome a rodovia Fernão Dias (BR-381), que liga as cidade de Belo Horizonte (MG) e São Paulo. São mais de 362 km que passam por 33 municípios paulistas e mineiros.