Nº 1 do Brasil nas duplas, Fernando Romboli fala sobre ano ‘mágico’ e nova parceria

Em entrevista exclusiva, tenista brasileiro abordou o início de sua carreira, migração para as duplas e consolidação

arquivo pessoal/ATP Tour
Fernando Romboli, tenista brasileiro melhor ranqueado em duplas Foto: arquivo pessoal/ATP Tour

De uma grande ascensão no simples para o sucesso nas duplas, Fernando Romboli, de 36 anos, pode não ter os maiores holofotes do mundo do tênis para si, mas é um dos grandes destaques do Brasil na atualidade. Em entrevista exclusiva à IstoÉ, o atual número 1 do Brasil nas duplas fala sobre o início de sua trajetória, a escolha pelas duplas, o grande ano de sua carreira e a expectativa para dividir as quadras com Marcelo Melo, ex-número 1 do ranking mundial.

A paixão pelo esporte vem desde cedo e sob a influência da família. Seu tio é proprietário de uma academia de tênis e natação em Santos, cidade próxima ao Guarujá, seu local de nascimento. Na academia, sua mãe trabalhou durante sua infância. Dessa forma, o espaço passou a ser o “quintal de casa”, como aponta o tenista: “Eu saía da escola e ia para lá. Como minha mãe trabalhava na academia, eu vivia lá. Fazia natação por obrigação, mas a quadra de tênis era o meu quintal”.

Praticando a modalidade desde os cinco anos, o tenista brasileiro nunca teve dúvidas: o esporte seria o seu ganha pão. Desde os oito anos de idade ele afirma que seria tenista e não havia segunda opção.

Nessa idade, Romboli começou a participar de torneios e ascensão foi natural, destacando-se na região em que morava. Durante o juvenil, sempre se manteve entre os melhores jogadores do Brasil, alcançando também o topo entre os tenistas da América do Sul. Inicialmente, nas disputas de simples, chegou a ser o nº 2 do ranking da categoria.

Seu primeiro ponto como jogador profissional, aos 17 anos, foi em um duelo contra o também brasileiro Thomaz Bellucci, maior tenista do País pós-Guga. Sua carreira nas disputas individuais durou até 2020, quando, aos 31 anos, decidiu se dedicar às duplas. Conquistou um título de Challenger e chegou ao Top 250 do ranking durante esse período.

A escolha pelas duplas e a consolidação

Fernando Romboli e seu parceiro John-Patrick Smith erguem a taça do ATP 250 de Houston

Abdicar das disputas por simples e começar a se dedicar apenas nas duplas não foi uma decisão fácil, mas necessária. A escolha, aos 31 anos, veio a partir de uma mudança da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), que excluiu a contagem de pontos dos torneios Future, campeonatos frequentemente disputados por Romboli no individual.

“Com a mudança, eu tinha que tomar uma decisão, se jogava apenas duplas ou voltava a jogar os torneios menores em simples. Naquela altura, eu estava nessa dúvida, mas justamente naquele momento fui campeão de um Challenger em duplas e tomei a decisão de focar nas duplas”, explicou.

Apesar de ter uma carreira construída no individual, o tenista soube se adaptar às diferenças entre as duas modalidades, como a angulação, tamanho da quadra e dinâmica do jogo.

A adaptação e a dedicação total às duplas foi fundamental para que Romboli atingisse os resultados mais expressivos de sua carreira em 2025. Há cinco anos focado apenas nesse modelo de jogo, o tenista conquistou seu segundo título ATP da carreira nesse ano, chegou às semifinais do Masters 1000 de Indian Wells e obteve seus melhores resultados em Grand Slam, como as oitavas de final em Roland Garros e US Open.

Aos 36 anos, ele termina a temporada como o brasileiro melhor ranqueado nas duplas pela primeira vez em sua carreira: “Nunca passou pela minha cabeça ser o melhor do Brasil. Mas eu busco ser o melhor que eu posso ser. É claro que é muito legal, mas é uma consequência”.

Apesar de não ser um objetivo em sua trajetória, ser o melhor ranqueado do Brasil pode ajudar Romboli a conquistar outros objetivos importantes na próxima temporada:

“Gosto de ter objetivos a curto prazo. Agora, o objetivo é se consolidar no top 30, buscar subir pro top 20 e ir galgando posições, degrau por degrau”

A ascensão em 2025 também pode ser explicada por algo não muito comum em sua trajetória. Neste ano, Romboli jogou grande parte da temporada ao lado do australiano John-Patrick Smith, formando uma dupla de sucesso. Foi ao lado de Smith que o brasileiro obteve seus melhores resultados no ano. “Eu comecei a ver que o ideal era ter uma parceria fixa. Os “tops” são todos parcerias fixas, por que não fazer também? Estávamos buscando essa parceria, aconteceu nesse ano e deu certo”.

Nova dupla e expectativa para 2026

Para se consolidar após uma temporada “mágica”, Romboli terá uma nova parceria em 2026. O brasileiro “investiu” em uma companhia de peso para a próxima temporada: formará dupla com Marcelo Melo, ex-número 1 do mundo de duplas. Aos 42 anos, o atual nº 54 do ranking e duas vezes campeão de Grand Slam, pode ser peça chave na consolidação do caiçara.

“O que falar do Marcelo? Um cara muito experiente, que tem tudo para agregar. Ele é um competidor, multicampeão, algo que é fundamental. Vai me ajudar, tenho certeza que será um mix muito legal”.

A parceria brasileira, que promete brigar por grandes coisas em 2026, começará a temporada ainda no fim deste ano. A dupla se prepara para a turnê pela Oceania, no início de 2026, para a disputa de torneios que precedem o Australian Open, primeiro Grand Slam do ano.