Com o PSDB rachado e enfrentando a maior crise desde sua fundação, em junho de 1988, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sinaliza o caminho que o partido deve tomar em relação do segundo turno, manifestando apoio ao candidato do PT. “Neste segundo turno voto por uma história de luta pela democracia e inclusão social. Voto em Luiz Inácio Lula da Silva”, disse o ex-presidente em nota divulgada agora há pouco.

Ontem, no entanto, o atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, destoou da posição do ex-presidente e declarou apoio “incondicional” a Jair Bolsonaro. Ele se encontrou com o presidente no Aeroporto de Congonhas, onde aproveitou também para se engajar na candidatura de Tarcísio de Freitas para o governo do Estado. O objetivo de Garcia é ajudar o bolsonarismo a derrotar o petismo de Fernando Haddad em São Paulo. A postura pegou mal entre os filiados do partido na capital. O presidente do PSDB municipal, Fernando Alfredo, criticou Rodrigo dizendo que ele não poderia ter ficado a favor do bolsonarismo até em função de sua postura criminosa na pandemia. Enquanto isso, o ex-governador João Doria disse que votará nulo no próximo dia 30.

Já a Executiva Nacional do PSDB, reunida em Brasília também nesta terça-feira cedo, havia decidido liberar seus filiados para votar em que bem entendessem, apesar de cinco ex-presidentes nacionais da agremiação terem manifestado apoio ao petista. Esse foi o caso do senador José Aníbal. “Participei da reunião da executiva nacional do PSDB que aconteceu mais cedo. Juntamente com outros ex-presidentes (Tasso, Pimenta da Veiga e Theotonio Vilela) mais representantes dos movimentos afrodescendentes, LGBTI, juventude e outros participantes, nos manifestamos em defesa da democracia, da diversidade cultural do nosso povo, do combate às desigualdades e contra o autoritarismo, a devastação ambiental, a intolerância e as permanentes ameaças as conquistas do povo brasileiro. Indicamos apoio ao candidato Lula”. Aníbal não conseguiu se eleger deputado federal.

Nos bastidores, a tese é que em troca do apoio a Lula, o PT poderia apoiar os candidatos a governador do PSDB no Rio Grande do Sul (Eduardo Leite), em Pernambuco (Raquel Lyra) e no Mato Grosso do Sul (Eduardo Riedel), que disputam o segundo turno, mas em condições de desvantagem.