Fernando Fernandes ficou conhecido para o público brasileiro quando entrou na casa do Big Brother Brasil lá em 2002. Nesses vinte anos, muita coisa mudou. Há 12, após sofrer um acidente, ele perdeu o movimento das pernas. De lá pra cá, Fernando virou atleta e, mais recentemente, apresentador de televisão com quadros no Globo Esporte e um programa no canal OFF.

Em conversa com a IstoÉ Gente, Fernando falou sobre a surpresa de ter sido convidado por Boninho para apresentar o “No Limite”, sobre a representatividade de pessoas com deficiência e sobre os planos para o futuro.

Confira a conversa completa abaixo.

Quais foram os principais desafios que você enfrentou para apresentar o ‘No Limite’?

O grande desafio é que dessa vez eu estaria apresentando o que outras pessoas estão vivenciando e vivendo. Na minha vida, eu sempre apresentei, por meio do meu quadro no Esporte Espetacular e no canal Off, o que eu estava vivendo, como atleta principalmente. Eu tinha muita propriedade daquilo que eu estava fazendo. Dessa vez eu estou como comunicador e apresentador, então esse é o grande desafio. O resto, que é criar formas de acessibilidade onde estamos vivendo e as condições climáticas são coisas que eu estou habituado. Mas não deixam de ser um desafio também.

O que é para você estar no limite?

Para mim, estar no limite é tudo que eu vivo diariamente como pessoa e como atleta. Eu vivo no limite como ser humano, que tem que enfrentar uma série de barreira diariamente. E vivo no limite profissionalmente, sempre em busca de novos desafios, de criar novos caminhos, de desbravar novos esportes, então essa questão de estar no limite é a minha zona de conforto.

Qual foi a sua reação ao receber o convite do Boninho para apresentar o ‘No Limite’?

Eu quase caí do sofá. Em um domingo ele me ligou e perguntou se eu queria apresentar o ‘No Limite’. Eu na hora eu falei que topava. Foi uma grata surpresa, um baita presente que eu ganhei na minha virada dos 40 anos.

Na hipótese de ter um BBB com a participação de ex-brothers, você toparia entrar novamente no reality?

Eu não estou pensando nisso, estou pensando no que eu estou vivendo. Estou em um grande momento da minha vida e da minha carreira, que é estar apresentando um programa que eu sempre fui fã.

Desde que você sofreu o seu acidente, você vê que a representatividade de cadeirantes na mídia aumentou?

Tem muita gente tentando criar o espaço, mas não houve muita evolução. De alguns anos para cá, tem mudado aos poucos essa realidade, mas ainda falta muito. Nós temos pessoas ocupando espaços como a Flávia Cintra, repórter do Fantástico. Eu estou conseguindo chegar como apresentador da maior emissora do brasil. Essa representatividade está no momento de luta. A gente fala muito pouco da pessoa com deficiência, que ainda é vista como incapaz. Nós temos a missão de quebrar esses paradigmas da sociedade e esse é um momento muito importante nessa luta.

Você é muito dedicado a esportes, principalmente à canoagem. Como é a sua relação com a modalidade? E qual esporte você ainda quer tentar?

A canoagem já foi muito importante na minha vida, mas hoje eu me dedico ao kitesurf e ao paraglider. Tenho focado também no paraquedismo, que foi a minha grande redescoberta na minha vida.

Como você lida com os comentários maldosos na internet?

Não lido, na verdade. Na internet cada um escreve o que quer, já que estão atrás de uma tela e eles se sentem na liberdade de falar o que querem. Mas, assim, o que as pessoas pensam e acham não é o que eu sou. Eu tenho muito definido quem eu sou na minha vida, eu me conheço muito bem para não ser influenciado por pensamentos de outras pessoas.

Quais são os planos para depois de ‘No Limite’?

Ainda não sei. O meu momento é “No Limite” e provavelmente eu vou continuar vivendo no limite. (risos)