A atriz Fernanda Montenegro está completando 95 anos nesta quarta-feira, 16. Um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, a veterana afirmou recentemente querer chegar aos 100 anos e permanece ativa nos palcos e nas telas.

Arlette Pinheiro Monteiro Torres, conhecida pelo nome artístico de Fernanda Montenegro, nasceu em 1929, no Rio de Janeiro. Sua primeira experiência no teatro foi aos 8 anos de idade, em uma peça da igreja. Em 1950, a atriz estreou profissionalmente nos palcos ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo “3.200 Metros de Altitude”, de Julian Luchaire.

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Em 1951, foi a primeira atriz contratada da TV Tupi. Sua estreia na Globo aconteceu em 1965, e sua primeira novela na emissora foi em 1981 com “Baila Comigo”. Em dois anos na Tupi, participou de cerca de 80 peças, exibidas nos programas Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro.

Em seus diversos papéis em novelas estão: Chica Newman em “Brilhante”, Charlô em “Guerra dos Sexos”, Naná em “Cambalacho”, Vó Manuela em “Riacho Doce”, Olga em “O Dono do Mundo”, Bia Falcão em “Belíssima”, Mercedes em “O Outro Lado do Paraíso”, entre outros. Além desses, Fernanda Montenegro interpretou Dona Picucha na série “Doce de Mãe”.

A atriz fundou a companhia Teatro dos Sete junto de outros importantes nomes da cena teatral brasileira, e atuou em minisséries como “O Auto da Compadecida” (1999), entre outras.

Premiações

  • Fernanda Montenegro foi vencedora do prêmio de Atriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, por seu trabalho em Está Lá Fora um Inspetor, de J.B. Priestley, e Loucuras do Imperador, de Paulo Magalhães;
  • Já foi indicada ao Oscar na categoria “Melhor Atriz”, com o filme “Central do Brasil”, de 1999;
  • Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito “pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras” (1999);
  • A atriz já foi premiada no Emmy Internacional, no Festival de Berlim e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

Academia Brasileira de Letras

Autora do livro “Prólogo, Ato e Epílogo”, uma autobiografia, Fernanda Montenegro teve a “imortalidade” oficializada em cerimônia de posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) em março de 2022. O evento celebrou a entrega da Cadeira 17 da Academia à atriz, que sucede o acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco.

Ao ser aplaudida de pé ao entrar no salão de solenidades, a veterana se emocionou ao discursar no púlpito do Petit Trianon. “Agradeço muito, com meu coração e minha razão, estar sendo aceita por esse elenco que é protagonista referencial da nossa mais alta cultura, que é a ABL. Emocionada, tomo posso nesse momento da cadeira número 17, pedindo às senhoras e aos senhores acadêmicos, pela maneira como expressarei, esta minha pulsação de vida que trago comigo neste ato”, declarou na ocasião.

Vale lembrar que Fernanda é a primeira mulher a ocupar a Cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras. Antes, o posto foi ocupado por Sílvio Romero (fundador da ABL).

Trabalhos recentes

Em setembro, Fernanda Montenegro publicou um vídeo mostrando sua preparação para uma nova personagem no cinema. Dias antes, ela já havia anunciado que faria parte do elenco de Velhos Bandidos, novo longa dirigido pelo filho, Cláudio Torres. A atriz irá contracenar com o ator Ary Fontoura.

“Tudo vai se harmonizando, e a minha personagem do filme Velhos Bandidos, de Cláudio Torres, chegando”, escreveu ela na legenda da publicação. No registro, ela apareceu mexendo nos cabelos ao som de Cabelo, canção interpretada por Gal Costa.

Também no último mês, ela estreou um novo filme no Festival de Veneza, Ainda Estou Aqui, protagonizado pela filha, Fernanda Torres, e dirigido por Walter Salles. No longa, Fernanda Montenegro faz participações como Eunice Paiva, personagem da filha, mais velha.

Homenagem na Globo

Na quinta-feira, 17, a Globo vai exibir o especial Tributo, após a novela Mania de Você. Na produção, Fernanda Montenegro aborda a chegada dos 95 anos. “Ninguém é eterno”, comenta, em trecho divulgado pela produção.

No documentário, a pioneira na televisão recorda o início na profissão, a indicação para o Oscar de 1999 e se declara uma “mulher dos palcos”.

Sobre a filha, a veterana admite: “ela é um ser totalmente do presente. E trabalha mais do que nós todos: é chamada para filme, novela, peça, debate e comerciais. Ao mesmo tempo, há atrás dela uma corrente de pessoas e de experiências. Como traduzir isso? Talvez seja o preço de viver muito, lucidamente”.

Por fim, ela completa sobre o marido Fernando Torres, que morreu em 2008, e com quem teve dois filhos, Fernanda Torres e Cláudio Torres: “Sem Fernando, a minha vida não se cumpriria. Do nosso mais profundo pacto de existir, vieram dois filhos maravilhosos, que também são referências dentro do nosso processo artístico. Tenho que agradecer, viu Fernando, a você”.

* Com informações do Estadão Conteúdo