A professora Ana Célia da Rosa, de 59 anos, foi uma das docentes feridas por um aluno durante o ataque à faca na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Pouco mais de um ano do caso, que ocorreu em março de 2023, ela relatou que não ficou um período sem trabalho e não recebeu qualquer auxílio do governo estadual.

Em entrevista à ISTOÉ, Ana Célia contou que ficou cerca de três meses sem dar aulas e, por conta disso, precisou vender Tupperware e bolo de pote para pagar as contas.

Porém isso não foi o suficiente e passou a ter dificuldades financeiras, até que uma conhecida teve a ideia de divulgar o caso no X (antigo Twitter) e pedir doações.

“Essa arrecadação me ajudou a me manter. Voltei a trabalhar no dia 19 de abril na Escola Estadual Godofredo Furtado, mas ainda não recebi o meu salário”, afirmou a professora.

Ana Célia ressaltou que, desde o ataque, não recebeu qualquer assistência por parte do Governo de São Paulo. Por conta disso, resolveu entrar com uma ação na Justiça.

À ISTOÉ, o advogado Pablo Muriel Peña Castello, que representa a docente, explicou que a administração estadual é a responsável pela segurança dos seus servidores no local de trabalho. Como houve essa falha, abriu-se um processo de indenização pelos danos sofridos.

“A professora era contratada temporariamente, teve o contrato encerrado e só agora conseguiu obter novas aulas e abrir novo contrato. O processo ainda está na primeira instância, aguardando alguma proposta de acordo do estado, que pediu prazo para apresentá-lo, mas não o fez. O valor da indenização fica a critério do juiz em eventual julgamento, a depender das provas do processo”, acrescentou.

Questionada pela ISTOÉ sobre o caso da professora, a Seduc-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) afirmou que a docente não participou do concurso para alocação de professores das PEI (Escolas do Programa de Ensino Integral) da Diretoria de Ensino Centro-Oeste e, neste ano, foi contratada para atuar em uma instituição de ensino de período integral.

“Quanto ao processo judicial, a Procuradoria Geral do Estado informa que já foi citada na ação e apresentou contestação. No entanto, o processo está suspenso para tentativa de acordo”, ressaltou.

Relembre o caso

No dia 27 de março de 2023, um estudante, na época com 13 anos, esfaqueou quatro professoras da Escola Estadual Thomazia Montoro, localizada na Vila Sônia. A docente Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu. O estudante só parou o ataque quando foi desarmado por professoras.

Depois, ele acabou sendo apreendido por policiais e levado ao 34° DP (Distrito Policial), onde o caso foi registrado.

Ana Célia foi atingida na cabeça, em uma das mãos e nas pernas, levando, ao todo, 17 facadas. Ela precisou ser atendida no Hospital das Clínicas e recebeu alta no dia 28 de março de 2023.

À ISTOÉ, a professora relatou que ainda está sem a mobilidade de um dos dedos indicador e, por isso, faz fisioterapia.