MILÃO, 03 ABR (ANSA) – A África está literalmente se partindo em duas. O processo ainda levará milhões de anos para ser concluído, mas seus sinais podem ser vistos em uma gigantesca fenda que surgiu no sudoeste do Quênia no mês passado.   

A rachadura tem cerca de 10 quilômetros de extensão, até 15 metros de profundidade e outros 20 de largura. Seu aparecimento, causado por uma série de inundações no país africano, causou uma leve atividade sísmica e destruiu a estrada que liga Narok à capital Nairóbi.   

O fenômeno é consequência da lenta movimentação que está causando a ruptura da placa tectônica africana e separando o Chifre da África, que inclui Somália, Etiópia, Eritreia e Djibouti, do restante do continente.   

“Nos próximos 20 milhões ou 30 milhões de anos, pode ser criado um novo oceano”, afirmou Carlo Dogliani, presidente do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV). No entanto, ele garante que o fenômeno não representa uma novidade nem uma emergência.   

“A chuva erodiu os estratos mais superficiais e frágeis do terreno. É provável que cavidades similares já se tenham formado em outras localidades desabitadas, permanecendo, assim, desconhecidas”, acrescentou.   

A fenda faz parte do Vale do Rift, complexo de falhas que está dando origem à nova placa tectônica somali, tem até 20 quilômetros de profundidade e vai do Golfo de Áden até Moçambique, percorrendo mais de 3 mil quilômetros.   

“Há 30 milhões de anos, a África está se dividindo em dois fragmentos, a placa africana e a placa somali, que, ao longo do Vale do Rift, estão se afastando de cinco a seis milímetros por ano”, afirmou Doglioni. (ANSA)