Em 2022, o código foi de luta, resistência e, sobretudo, superação. Foi preciso muito embate para defender a democracia, a integridade das instituições e evitar que o País se transformasse em uma Mississipi em chamas. Foi preciso muita resistência para não ser tragado pelas hostilidades e violência produzida artificiosamente e que, afinal, colocou em risco a integridade física, psicológica, patrimonial, e, não perdoou nem a santidade da amizade nem a sacralidade da religião. No auge da loucura instalada amigos digladiaram e se eliminaram em praça pública e o chão sagrado do templo foi maculado e tingido com sangue de fiéis. Tudo em nome de um cálculo frio e despido de razão e humanidade. Tudo vertido para vergar e subordinar pessoas e destruir instituições com o objetivo único e final instalar a desordem e, a partir do caos decretar a submissão e instituir a opressão. Foi a resiliência e a fortaleza da razão democrática e o fulgor do amor à liberdade que convocou e armou a resistência cidadã. De novo as forças vivas do Brasil puderam denunciar e desnudar o golpe travestido, e, com tenacidade, entrega e coragem civil, lutar e resistir em cada trincheira da sociedade. Finalmente, com o voto, a arma democrática mais potente e valiosa foi possível enfrentar, combater e vencer as forças malfazejas do lado escuro da lua.

Foi-se a tormenta, passou a tempestade. Agora que o pesadelo se tornou sonho
lindo de verão é hora de começar a arrumar a casa

Foi-se a tormenta, passou a tempestade. Agora que o pesadelo se tornou sonho lindo de verão, é hora de começar tudo de novo. Arrumar a casa, consertar os telhados, reconstruir a cerca, limpar os entulhos e recapear as estradas. Capinar e fazer florescer novamente o jardim. Essas são as primeiras tarefas que se apresentam depois do tsunami que inundou nossos rios e riachos e quase nos lançou e afogou no mar. Para o novo sol que se põe a brilhar nossa certeza de que a paz, a concertação e a serenidade são condições inegociáveis de construção do debate, confrontamento das idéias e repouso das convergências e das divergências na construção de consensos sociais. E que, o limite, inexerovalmente, é a aceitação do melhor argumento, da melhor e mais justa decisão, e, no limite da vontade maioria dos cidadãos.

Chegamos perto dos anos velhos da força e do medo. Agora, com a correção dos rumos e superação dos erros e equívocos que nos trouxeram à beira do precipício é hora de retomar novamente o caminho da construção rumo a civilização, livre, pacífica
e de iguais. Para todos que resistiram, acreditaram, lutaram e não fizeram concessões feliz, ano novo. De novo.