23/07/2021 - 11:23
Único representante brasileiro do tiro esportivo nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, Felipe Wu viveu um ciclo olímpico de altos e baixos. Após a conquista da medalha de prata no Rio-2016, teve uma lesão no ombro, caiu de rendimento e, por pouco, não ficou fora da atual edição do evento. A classificação só veio em março deste ano, após a quarta colocação na Copa do Mundo de Nova Déli, última competição qualificatória, quando deu um salto no ranking.
Atual 10.º do mundo na pistola de ar de 10m, o atleta também teve dificuldades de competir no exterior por causa da pandemia do novo coronavírus. Apesar de tudo, o paulista de 29 anos acredita no seu potencial e na chance de uma nova medalha olímpica. Sua estreia em Tóquio está marcada para este sábado e, caso avance à final, a disputa da medalha será no dia seguinte.
“Estou confiante nos meus treinos e agora é só uma questão de adaptação mesmo ao fuso horário, ao clima e ao local de competição. A classificação foi tardia, mas eu fiz uma boa preparação e o meu grande objetivo é conseguir reproduzir o que tenho feito nos treinos. A primeira parte é ir bem na qualificatória e me classificar para a final. A partir daí, tudo pode acontecer. Se eu conseguir, ficarei bastante feliz porque, geralmente, eu performo muito bem na final”, afirmou Wu.
Depois de garantir a classificação no limite, o brasileiro está menos pressionado. Se no Rio de Janeiro ele assegurou a vaga por antecipação, porque era o líder do ranking mundial, a classificação para Tóquio, da maneira que foi, e o ciclo com percalços mudaram a forma como o atleta está encarando os Jogos.
“Todo mundo começa do zero. Da mesma forma que eu demorei para classificar e tive um ciclo olímpico conturbado, mas não deixei isso me afetar, também não vou fazer com que ter uma medalha olímpica me atrapalhe. São momentos diferentes. O objetivo é fazer uma boa participação. Se essa participação me permitir ganhar uma medalha, eu vou ficar muito feliz. Mas se eu sair daqui contente com a minha performance, também estará muito bom”, considerou o medalhista de ouro no Pan de Toronto-2015, no Canadá.
O treinador do atleta, Ricardo Brenk, já o acompanha há bastante tempo e reconhece que a preparação não foi a ideal, em virtude da pandemia. “Foi uma preparação atípica. O ideal, depois de ele ter se classificado, seria termos participado de competições internacionais, mas muitos campeonatos foram cancelados. Somente no mês de julho, o Felipe conseguiu disputar um evento na Croácia e depois foi para a Suíça, onde ficou 12 dias na preparação final antes de embarcar para Tóquio. Infelizmente, a maior parte do tempo ele treinou sozinho e sem participar de competições”, explicou o treinador, que, apesar das dificuldades, confia no talento do atleta.
“A expectativa, logicamente, é repetir o que ele fez em 2016. A diferença é que, naquela época, o Felipe disputou grandes competições internacionais, ganhou vários campeonatos, foi medalhista do Pan em 2015. Tudo isso foi uma prévia de que ele iria bem nos Jogos do Rio. Sem isso, a expectativa é que, ao menos, o conhecimento do esporte, dos procedimentos do tiro, ainda esteja bem firme dentro dele, para que ele possa repetir aqui em Tóquio o que fez em 2016”, completou Brenck.