Federação Internacional de Boxe processa COI

A Federação Internacional de Boxe (IBA), excluída do movimento olímpico mas que desafiou o direito de duas pugilistas de competirem na categoria feminina nos Jogos Olímpicos de Paris, anunciou nesta segunda-feira (10) uma ofensiva judicial contra o Comitê Olímpico Internacional (COI).

A entidade liderada pelo russo Umar Kremlev afirma “apresentar uma queixa ao Procurador-Geral da Suíça”, Stefan Blätter, e preparar “denúncias semelhantes” junto aos procuradores-gerais de França e dos Estados Unidos.

Privada de um torneio olímpico próprio desde 2019 devido a uma série de problemas de governança, a IBA luta contra a presença na categoria feminina da boxeadora argelina Imane Khelif (-66 kg) e da taiwanesa Lin Yu-ting (-57 kg), campeãs olímpicas em Paris-2024.

“De acordo com a lei suíça, qualquer ação ou omissão que represente um risco para a segurança dos participantes numa competição merece investigação e pode servir de base para uma ação criminal”, sustenta a IBA.

A entidade afirma que excluiu do Mundial de 2023 as duas atletas, que sempre competiram na categoria feminina, porque seriam portadoras de cromossomos XY, uma prova de masculinidade, destaca a IBA, embora seja também uma forma entre outras de “diferença no desenvolvimento sexual” (DDS), anteriormente chamada de intersexualidade, que segundo estudos afeta um em cada 1.000 a 4.500 nascimentos.

O COI, que administrou diretamente o torneio olímpico de boxe em substituição à IBA, se baseia, em vez disso, nos passaportes das duas competidoras.

Questionada sobre Imane Khelif, a porta-voz do organismo olímpico lembrou que ela “nasceu mulher, está registrada como mulher, vive a sua vida como mulher e luta boxe como mulher”.

Oito meses depois do torneio olímpico, a IBA se sente apoiada em sua ofensiva no decreto assinado na quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar impedir que atletas transexuais pratiquem esportes femininos.

Nem Imane Khelif nem Lin Yu-ting são mulheres transexuais, mas segundo a organização, este texto “prova que a IBA se manteve firme, protegendo corretamente as boxeadoras contra a concorrência desleal”.

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