O presidente da Federação Francesa de Atletismo (FFA), André Giraud, expressou firmemente neste domingo (22) em declarações à AFP sua incompreensão diante da vontade do Comitê Olímpico Internacional (COI) de manter os Jogos de Tóquio-2020, apesar da pandemia do coronavírus.

A FFA pediu ao Comitê Olímpico Francês (CNOSF) que “tome uma posição” em relação ao assunto.

“Não podemos admitir que o COI não escute o esporte olímpico número 1”, afirmou Giraud, lembrando que o presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), Sebastian Coe, afirmou na quinta-feira (19) que seria possível adiar os Jogos de Tóquio, marcados para serem disputados entre 24 de julho e 9 de agosto.

“Todo o mundo esportivo coincide em dizer que os Jogos não poderão acontecer nas datas previstas”, enfatizou Giraud, em referências às declarações das Federações de Atletismo dos Estados Unidos e da Espanha e das Federações de Natação americana e francesa, que se posicionaram a favor do adiamento das Olimpíadas nos últimos dias.

“Contemplamos, se a crise estiver contida até maio, um adiamento dos Jogos para o outono (setembro-outubro). Mas o plano C seria um adiamento de seis meses ou um ano”, defendeu o dirigente.

Além dos problemas atuais de logística e de salubridade para permitir que os atletas possam treinar em meio a toques de recolher e isolamento em diversos países do mundo, “como reunir 11.000 atletas em menos de quatro meses em uma Vila Olímpica?”, questionou Giraud.

“Os atletas estão um situação de estresse e precisamos tranquilizá-los. Não podemos esperar!”, insistiu, dirigindo a palavra ao COI e ao Comitê Olímpico Francês.

O ministro da Saúde da França, Olivier Véran, afirmou neste domingo ao jornal Le Figaro que acredita ser complicado enviar atletas ao Japão em quatro meses.

“Posso pedir a suspensão dos Jogos Olímpicos como ministro da Saúde? Não. Me vejo enviando atletas ao Japão ou pedindo para que se preparem em boas condições? A resposta também é não”, declarou.

O COI defende atualmente a manutenção dos Jogos Olímpicos de Tóquio nas datas previstas, mas começou a consultar os Comitês Olímpicos Nacionais através de um questionário sobre o impacto da crise do coronavírus em sua preparação para o evento.

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