23/02/2018 - 16:15
Um aumento nos salários dos Estados Unidos em janeiro causou tempestades nos mercados, mas o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) procura aliviar os temores de que essas altas façam a inflação disparar.
Em seu relatório semestral ao Congresso, o Fed disse que a inflação continua contida, tanto nos Estados Unidos, quanto em outras economias avançadas. O banco central afirmou que, embora a economia americana pareça perto do pleno emprego, não há escassez de mão-de-obra.
O aumento de quase 3% no salário médio por hora abalou os mercados de ações no início do mês, devido ao temor de que um aumento repentino da inflação possa forçar o Fed a aumentar as taxas de juros mais rapidamente do que o esperado.
O Fed indicou que considera aumentar as taxas três vezes este ano, mas muitos economistas preveem que serão quatro altas – a primeira delas já no fim mês que vem.
O banco central também aponta que o emprego cresce solidamente e absorve “consideravelmente mais rapidamente” novos funcionários, mas indica que existem outros fatores em jogo, como alguns grupos, que incluem negros e hispânicos, ainda sofrerem com o alto desemprego.
“Embora os empregadores relatem dificuldades para encontrar trabalhadores qualificados, a contratação continua a se acelerar, e a grave falta de trabalhadores provavelmente gerará maiores aumentos salariais”, diz o relatório.
Com uma taxa de desemprego de 4,1%, o crescimento dos salários, no entanto, foi “moderado”, provavelmente devido ao ritmo “fraco” de crescimento da produtividade, diz o documento.
Alguns grupos sociais sofrem mais com o desemprego: 5% dos hispânicos e mais de 7% dos negros não têm trabalho. Entre os brancos, a taxa é de 3,7%.
O relatório não indica maiores preocupações com as pressões de preços, especialmente devido à baixa inflação de outras grandes economias.
O Fed observa que o aumento dos salários e a baixa inflação geram alguma confusão, mas indica que a crescente concorrência no comércio digital e outros fatores podem estar influenciando o mundo inteiro para estagnar os preços.
A entidade disse que continuará a monitorar fatores que podem gerar mais inflação.
Mais uma vez, o Fed reiterou que espera que o PIB dos Estados Unidos continue a crescer em ritmo moderado e que a inflação siga em direção à meta de 2%, apesar do aumento gradual das taxas de juros.