O Federal Reserve (Fed, banco central americano) reduziu sua taxa básica de juros pela segunda vez neste ano, mas o comitê de política monetária (FOMC) está dividido – três dos dez membros foram contrários à decisão.

O banco central também tomou medidas para aliviar as preocupações sobre uma crise de caixa nos mercados financeiros, ajustando sua principal ferramenta de política para ajudar a bombear mais recursos através do canal financeiro.

O FOMC reduziu a taxa de juros em um quarto de ponto percentual, para a faixa de 1,75% a 2%, como era esperado, recuando nas altas de juros de 2018.

“Embora o gasto dos consumidores esteja aumentando em um ritmo forte, investimentos fixos e exportações diminuíram”, explicou o FOMC em nota.

Embora seus integrantes continuem a acreditar que o cenário mais provável é que a economia continue a crescer que a inflação eventualmente vá aumentar, “incertezas sobre este panorama continuam”.

Powell e outros integrantes do Fed citaram diversas vezes a incerteza provocada pela guerra comercial do presidente Donald Trump com a China, que atrapalha a economia.

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Trump rapidamente criticou a decisão do Fed no Twitter – mantendo sua campanha incansável para que o banco central dê estímulos adicionais à economia.

“Jay Powell e o Federal Reserve fracassaram de novo. Sem coragem, sem bom senso, sem visão! Um comunicador terrível”, tuitou.

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em entrevista coletiva que existem “duas fontes de incerteza: a desaceleração do crescimentio estrangeiro e a evolução da política comercial”.

Embora a política comercial seja da competência do presidente Donald Trump e do Congresso dos EUA, Powell destacou que eles a instituição tem “uma ferramenta muito poderosa que pode combater a fraqueza, em certa medida, apoiando a demanda”.

No entanto, ao contrário do Banco Central Europeu, “não acho que consideraríamos taxas negativas”.

– Estímulo econômico –

Powell também minimizou as preocupações com o aumento nas pressões de financiamento nos mercados financeiros nesta semana, observando que a demanda por dinheiro para realizar os pagamentos trimestrais de impostos foi um fator para isso.

Uma escassez de caixa nos últimos dias levou o Fed de Nova York na terça e quarta-feira a injetar US$ 128 bilhões no mercado de curto prazo, à medida que as taxas de juros dispararam e ameaçaram romper o alcance da meta do Fed.

“Embora essas questões sejam importantes para o funcionamento do mercado e para os participantes do mercado, elas não têm implicações para a economia ou a postura da política monetária”, disse Powell a repórteres.

O Fed também cortou em 0,3 ponto, a 1,8%, os juros pagos aos bancos por reservas de dinheiro acima do nível exigido, numa tentativa de colocar mais dinheiro nos mercados.

– Comitê dividido –


A posição de Powell é complicada devido à clara divisão interna no comitê: um membro queria um corte ainda mais acentuado, enquanto outros dois se opunham a qualquer redução.

A previsão econômica trimestral do Fed também reflete a divisão entre os tomadores de decisões, já que a previsão mediana exige que não haja mais aumentos dos juros até o final de 2020 – mantendo-se 1,9% abaixo dos 2,4% nas previsões de junho.

Isso contradiz a maioria dos economistas privados, que esperam que o banco central sinta a necessidade de fornecer pelo menos mais uma redução nas taxas de juros em 2019.

E essa divisão ocorre mesmo quando as previsões medianas de crescimento e desemprego são constantes, com a inflação subindo gradualmente para a meta do Fed, de 2%.


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